21/12/2011
Across the Universe
16/12/2011
Eddie Vedder & Ben Harper - Indifference
I will light the match this mornin', so I won't be alone
Watch as she lies silent, for soon that will be gone
I will stand arms outstretched, pretend I'm free to roam
Oh, I will make my way through one more day in Hell...
I will hold the candle 'till it burns up my arm
Oh, I'll keep takin' punches until their will grows tired
I will stare the sun down until my eyes go blind
But I won't change direction, and I won't change my mind
How much difference does it make?
Mmm, how much difference does it make?
I'll swallow poison, until I grow immune
I will scream my lungs out 'till it fills this room
How much difference does it make?
Oh, How much difference does it make?
Oh, How much difference does it make?
How much difference does it make?
Para o desafio de Dezembro da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Indiferença."
03/12/2011
A liberdade de sonhar
Os condenados de Shawshank - Sull'Aria (As bodas de Fígaro) de Mozart
14/11/2011
10/11/2011
Toda a gente deveria ter cancro
03/11/2011
A alegria de Pablo Aimar
24/10/2011
Vamos detonar essa Porra, porra!
"Door to Hell" - Darvaz
Ninguém sabe o que nos espera nestes tempos complicados. Crise é sinónimo de medo e as revoluções não são fáceis de fazer. Contudo, tal como os geólogos soviéticos que andavam em meados dos anos 70 a sondar o deserto de Karakum à procura de gás natural, quando se encontra uma caverna que desaba e nos leva o material todo e que está cheia de gás potencialmente venenoso, é melhor detonarmos o gás do que deixar que ele se liberte pela atmosfera, pois, além de ser mais espectacular, é bem mais ecológico. A parte de se manter em combustão e ameaçar continuar durante muitos anos é que não interessa muito para a comparação...
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Sepultura - Ratamahatta
Reaproveitado para o desafio de Janeiro da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Crise".
18/10/2011
Prisão austríaca de 5 estrelas
The Apple Store in Vienna A prison in Styria, Austria. (More pics)
If you look at these figures comparing crime in Austria and crime in the U.S. you’ll notice something odd: although the U.S. has higher crime rates in virtually every category (murder, forcible rape, robbery, aggravated assault, etc…) the Austrians triumph in one category: burglary. But why? Why is the rate of burglaries in Austria a whopping 40% higher than in the U.S.? I’ll tell you why: because Austrian minimum security prisons are fucking awesome! If you’re in Austria, and have a working brain, you should be trying to get into one right now!
Commit the right crime, and this could be your cell!
Hell, I live just a few kilometers from the border and I’m seriously considering heading over there this weekend and doing some serious damage. What’s the worst that can happen? Either I come back with a new kick-ass flat-screen television or they send me to some place like the Justice Center Leoben and I get a few months of all-inclusive paid vacation. It’s win-win!
Fun games of ping-pong help show you the error of your ways.
Indoor soccer teaches you that what you did was wrong because it’s likeagainst society.
No costly, monthly membership fees for you at this glorious gym! Feel the burn! Rrrrr!
I know what you’re thinking. You’re thinking: “Michael, you’ve made a pretty convincing argument so far and, truth be told, I wouldn’t mind hurting an Austrian or two and maybe picking up some new Bose speakers in the process. But what about the fact that you’re restricted in prison? Aren’t you isolated from your loved ones there? That doesn’t sound like fun.”
Well, verily I say unto you: “Guenther (if your name is Guenther — otherwise substitute your own name instead) Austria’s enlightened prison authorities fully understand your concerns and they’re ready to help. That’s why they’ve set up some awesomely comfortable rooms for your conjugal visits.”
Aw, hell yeah!
You see? What kind of five-star prison wouldn’t have a love shack, baby? And afterwards, keep in mind that there’s no time for fighting or arguing or anything. Your partner goes home and you retire to your balcony to rest and reflect on your long day of ping-ponging and ding-donging.
Life can be cruel to people who aren’t in Austrian prisons.
By now you’re probably saying to yourself: “Well, Michael, I’ve got my ski mask on, my crowbar in hand and I’m ready to roll — are you sure there are no downsides to this place?”
And to that I’m afraid I have to say that, yes, Guenther there are. There’s always a catch to everything, isn’t there? For Leoben it’s this: you’ll probably have to spend a lot of time with an AustrianSozialpädagogin (literally: “one who doesn’t know shit from shinola“) and you’ll have to do a lot of reflecting and do stuff like write poems about why you took that dude’s rolex. You’ll also be exposed to the word “auseinandersetzen”
(to “confront” or “deal” with an issue) thousands of times. Like in some Stalinist show trial, you’ll have to admit that the reasons you stole that kid’s Playstation are: your sense of alienation from modern life, an unsupportive family structure, an unclear concept of right and wrong, Austrian society in general, and the moviePirates of the Caribbean 2 in particular.
Ugh. Now that I think about it, it’s actually not worth it. And even if you’d like to go, the place is booked to capacity: 205 “prisoners” at the moment. It’s probably harder to get into this place than it is for a woman to join the Vienna Philharmonic.
Still, if you have to go to prison — choose Austria!
UPDATE: Welcome, kottke.org readers! If any of you are planning a pan-Austrian crime spree this summer, let me know because I’d love to come visit you at this place. (Not a conjugal visit, though. Just to see it from the inside.)"
17/10/2011
28/09/2011
Soulsavers - Revival
Deixem carregar e lembrem-se: Toda a música que se ouve aqui é com o volume no máximo... ou quase, para não haver ruído e distorção.
21/09/2011
Youth is wasted on the young... wealth is wasted on the old
Acredito que caminhamos para melhor. Nascemos boas pessoas, morremos boas pessoas. Pelo meio somos péssimas pessoas. Claro que os bebés também são péssimas pessoas, assim como os velhos, mas tanto uns como os outros têm desculpa: os primeiros porque não têm capacidade de decisão e os segundos porque garantiram ao longo da vida o direito a sê-lo - afinal, a velhice é um posto. Já os adultos, não têm desculpa, são péssimas pessoas não tanto por tomarem decisões erradas mas mais por não as tomarem. Porquê? Dúvidas e certezas. Ambas nos falham. As dúvidas paralisam-nos, as certezas acomodam-nos. Alienados ou viciados... entorpecidos pela e para a vida, conformismo na altura em que se abririam mais possibilidades. Conformando-se, os adultos tornam-se amargos e invejosos. Por isso são más pessoas! Há sempre espaço para melhorar, muito desse espaço depende da capacidade de tentar e falhar, ou seja, de escolher. Ninguém acerta sempre, ninguém erra sempre, temos sobretudo de arriscar. No fim, logo se verá.
*A citação foi ouvida e vista na entrevista de Jools Holland, no seu programa Later with Jools holland, com Eddie Vedder e Mike McCready, dos Pearl Jam. Traduzida, ficará "a juventude é desperdiçada nos jovens... a riqueza é desperdiçada nos velhos."
11/09/2011
I went to brush something off my cheek and it was the floor*
Às vezes o nosso caminho passa por buracos, uns mais fundos outros menos, mas só atravessando esses buracos nós mesmos podemos seguir em frente.
Alice In CHains - Down in a Hole
Reaproveitado para o desafio de Janeiro da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Metamorfose"
*A citação foi ouvida e vista no programa No Resevations de Anthony Bourdain. O Google diz-me que o seu autor é Raymond Chandler. Numa tradução livre, quererá dizer algo como "ia para sacudir alguma coisa da minha face e era o chão."
08/09/2011
A necessidade de ocupar o cérebro ou tudo aquilo que fazemos para agradar às mulheres
P.S. - Alguns dos excertos apresentados não são reais, como por exemplo aquele em que aparece alguém a correr sobre a água, que era uma campanha de marketing, como se pode ver aqui. É impossível que algo com a massa e estrutura de uma pessoa consiga andar sobre a água... já um gato!
06/09/2011
Ajudem a minha sobrinha a comprar um telemóvel
30/08/2011
Fujam... cá para dentro.
Uma cabra.
Um jardim.
Uma tentativa de suicídio com mortal encarpado à retaguarda
A foto da praxe!
Um calhau.
Dois calhaus.
Calhaus organizados de forma a impressionar uma mulher.
... um calhau voador, vá.
Um buraco de onde extraem calhaus.
Uma paragem para descansar e uma vaca.
Sumo de lima... ou algo com lima.
Uma estrada ladeada de flores.
Um cão a guardar uma praça.
Montras em Braga... ou Barga.
Uma nuvem esquisita.
Um pterodáctilo.
Mais calhaus.
Água fria.
Um calhau congelado... e com dor de cabeça.
Uma cadela a sacudir a água.
Casal romântico em plena observação de baleias ao largo dos Açores.
Amigos... mais ou menos.
Um chapéu.
The Naked And Famous - Young Blood
Para o desafio de Agosto da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Fugir".
P.S. - Convém dizer que o mérito das fotos é repartido por Bruno Carvalho (Deco), Luis Filipe (Hulk), Ricardo Dias (Ricardinho) e Inês Vilela, sem alcunha, porque as gajas nunca têm.
25/08/2011
Só me dirijo às pessoas capazes de me entender, e essas poderão ler-me sem perigo.
- Para mim, o messenger não é um meio de comunicação sério em que valha a pena ter conversas mais profundas do que um "olá" e "tudo bem". Ou se têm conversas parvas/porcas/cómicas/esquisitas ou não se têm de todo. Por messenger, não se consegue perceber o tom, a linguagem corporal, as insinuações e nuances... nada! (Nota: isto só é verdade se não conseguirem utilizar aqueles bonecos e emoticons todos. Eu só conheço uma pessoa que os utiliza bem, por isso...)
- Posso falhar e desiludir em relação àquilo que esperam de mim, mas raramente falho naquilo que sou verdadeiramente. Isto, para além de bonito, é verdade... e verídico!
*A citação que titula o post é da autoria do Marquês de Sade. O ponto número dois é baseado em algo que eu li mas que não consigo situar em termos de autor.
O futebol irritante e anti-desportivo do Barcelona
O futebol praticado pelo Barcelona é o mais irritante que pode existir. Este Tiki-Taka gozão de que tanto falam é a coisa mais anti-desportiva que pode existir. Bola para a frente, para trás, para a o lado, para trás outra vez, até ao cansaço do golo, como se o mais importante do futebol não fosse o golo e a sua procura, mas o gozo de trocar a bola sem que os outros a 'cheirem'. Para jogar ao meiinho, tiravam as balizas. E Messi é o arquétipo desse tipo de mentalidade, do gozo. Claro que muito desse gozo é alegria pura, do miúdo que nunca perdeu o gosto pelo que faz, mas muito desse gozo também é exibicionismo balofo. Prefiro muito mais a mentalidade do Real Madrid (e Benfica) de procura incessante da bola, numa vertigem de pressão e corrida para a frente até ao agolo. E se é para falar em Tiki-Taka, gosto muito mais deste, que tem menos passes (só tem 14 em vez dos 32), mas é português e é muito mais pertinente, objectivo e bonito. Um dos melhores golos de sempre.
Golo de Portugal contra a Inglaterra - 14 passes até ao golo espectacular de João Pinto
04/08/2011
30/07/2011
Talvez daqui a dois anos
23/07/2011
02/07/2011
Um segredo
U2 - The sweetest thing
23/06/2011
Implantação de recordações na memória
Tanto me surpreendeu que fui logo ao sítio da Net.
17/06/2011
Carreira contributiva de felicidade
(Também custa ouvir aqueles que dizem que gostavam de ir à Lua, acrescentando de seguida que nunca foram)
09/06/2011
Explosões e implosões
E depois (como há sempre dois tipos de pessoas – garanto-vos que os há e que são só dois), depois, dizia, há as pessoas que implodem… ou melhor, que vão implodindo devagarinho graças a pequenos episódios de descalabro interior. Estas pessoas amargas, que se escondem por detrás do cinismo e arrotos de despreocupação e que têm geralmente um tremelique nervoso no olho, tanto podem ter fracassado em grande, como podem acumular pequenos insucessos psicossociais que os vão envenenando devagarinho enquanto esperam por um antídoto, como se os melhores dias, as soluções para os seus problemas se aproximem sem que façam muita coisa por isso. Às vezes acontece. Lá está, nestas coisas nunca se pode fiar, mas geralmente não. Por isso gosto do primeiro tipo de pessoas (e delas, claro, das pessoas), pessoas que arriscam para avançar, mesmo que antes de avançar dois passos tenham de retroceder um (em jeito do que a Finlândia fez e o Bloco de esquerda queria fazer num nível nacional e político que não é o que eu quero discutir). Por gostar dessas pessoas que explodem, não quero dizer que aconselhe esse modo de vida… não quero sequer dizer que esse seja o meu tipo de pessoa… se pensar bem, raramente explodi… tirando alguns episódios em que queria (o álcool queria) andar à porrada e mais ninguém quis… mas também não quero dizer de todo que o segundo tipo de pessoa seja melhor, porque “Ficar a olhar com uma esperança ociosa equivale a deixar passar a vida em devaneios”, já dizia o Yann Martel n’A Vida de Pi… mas pensando bem, até um relógio avariado está certo duas vezes ao dia! Mas não sei… Sei que há limites! Sei que os há e que talvez todos tenham um limite. E sei que a forma de lidar com esses limites define aquilo que somos e a vida que levaremos daí em diante. Talvez alguns limites exijam explosões, talvez exijam um pouco de paciência… talvez as explosões devam ser controladas, mas isso do controlo até tem mais a ver com implosões, pelo que talvez…
Talvez, talvez… foda-se! Por agora, atingi o meu limite de escrita.
(João Freire)
Para o tema de Junho de 2011, subordinado ao tema "Os problemas resolvem-se à chapada" , num desafio da "Fábrica de Letras".
02/06/2011
HI5
Para o tema de Junho de 2011, subordinado ao tema "Os problemas resolvem-se à chapada" , num desafio da "Fábrica de Letras".
23/05/2011
A sinceridade é sobrevalorizada III
"Não gosto muito desse corte de cabelo, gostava mais quando o tinhas comprido."
"Cabiam lá dois!"
"Por acaso, não concordo contigo, acho que ela (outra) até tinha razão."
"Como se chama aquela tua amiga... aquela muito gira?"
"Eu consigo. Queres que eu faça?"
"Como hoje estás num "daqueles dias", eu não te chateio mais."
"Estou a chegar."
"Neste Natal, engordaste alguns quilitos."
"Como é que não consegues? Isso é tão fácil!"
"Não, não noto nada de diferente."
"Podiam ser um bocado maiores."
"Vá lá! Não precisas de te mexer. Eu faço tudo."
E às vezes nem é o que se diz, mas como se diz... basta um tom.
E às vezes nem é o que se diz, basta existirmos.
E às vezes... poucas vezes, somos mesmo umas bestas!
17/05/2011
A sinceridade é sobrevalorizada
Primitive Reason - Hipócrita
07/05/2011
Um pouco de patriotismo não faz mal a ninguém. *
* Mesmo que no final nos saiba a muito. O pessoal não está habituado...
P.S. (depois de aturada discussão noutras plataformas) - É certo que tem incorrecções, inexactidões, suposições, etc e tal, e tem alguns aspectos que podem ser conotados com uma perspectiva demagógico-nacionalista (se estiverem muito inclinados para aí. Muito inclinados, mesmo), mas é convicção dos autores deste blogue que a política tem pouco interesse no que à comédia e a vídeos engraçados diz respeito e o ponto principal a reter é esse: é um vídeo engraçado. Claro que também apreciamos o facto deste vídeo assentar em informação sobre Portugal que muita gente desconhece de facto, alguma até colocada numa perspectiva negativa, como o facto de sermos o país com mais títulos de um "desporto que não se pratica em mais lado nenhum" ou o facto de sermos o único país que nunca ganhou o festival da Eurovisão, naquilo que poderá ser visto como uma crítica às nossas próprias representações... Mas se olharmos para este vídeo como algo simples, que alia até algum conhecimento a um fino humor - veja-se o exemplo da secção respeitante ao vinho Rosé, "We invented Rosé, we sell Rosé, we don't drink Rosé" -, ganharemos mais, até porque aprendi uma ou duas coisas que desconhecia ao ver este vídeo. A discussão relativamente ao futuro de Portugal é uma reflexão pertinente, claro, mas não é este vídeo o culpado da situação a que chegámos e os criativos que o fizeram não serão os inimigos do desenvolvimento de Portugal... mas cada um com a sua.
30/04/2011
Incendiários
(Este vídeo pode ser considerado demasiado gráfico e violento)
22/04/2011
19/04/2011
Olhos que não sorriem
As cabritas, como chamavam às raparigas que calcorreavam as ruas de Lourenço Marques, Niassa e Nampula, nunca sorriam, mas o seu corpo cor de mel, esse sempre disponível, intoxicaria qualquer um de prazer, fazendo-o esquecer tudo, até a guerra. À noite, no banho, só teria de lavar as partes íntimas com um frasquinho que o exército garantia a todos em remessas mensais para combater qualquer doença e não acontecer algo que o fizesse saltar do barco a caminho de Lisboa, como chegou a testemunhar.
“Sem isto não sou um homem”, ouviu ele uma vez, junto dos seus amigos no convés do “Vera Cruz”, na viagem de regresso, “O que é que eu vou fazer em Portugal?”
Olharam todos e viram um homem no cimo da amurada, num dos pisos mais altos. Dizia muitas coisas, algumas sem sentido e passado algum tempo, quando todos pensavam que não ia saltar, saltou mesmo, sem pénis nem dignidade para o mar que o engoliu rapidamente. O barco não parou.
Apesar disso, desses episódios e de muitos outros de colegas que morreram, ficaram feridos ou malucos, apesar da guerra, apesar de tudo, talvez pelas cabritas, as recordações eram maioritariamente boas. Por isso regressavam amiúde, como se também ele estivesse a regressar àquele momento de uma juventude distante em que podia ter alguém assim a retorcer-se à sua frente e ele sabia exactamente o que fazer. Não que não soubesse, nunca o ouviriam dizer isso, mas o seu corpo já não era o mesmo e ainda que soubesse o que fazer, às vezes não conseguia. Sentia-se velho e envergonhado.
Ela sorria, tocando-lhe no braço com ternura, mas também aquele sorriso lhe parecia falso. Os olhos mortiços não condiziam com os lábios abertos e afáveis, expondo a realidade das suas circunstâncias: uma Puta a foder um velho.
Ele estava de joelhos, entre as pernas abertas dela, que estava deitada de costas, com uma mão a fazer rolos no cabelo e a outra desamparada na cama, esperando-o.
Indiferente à sua prontidão, apertou-lhe a barriga, como se a examinasse, sentido a magreza da sua cintura e a elasticidade da sua pele. Os seus seios pequenos mas cheios descaiam ligeiramente para os lados e ele apertava-os também. “E então, começamos?”, disse ela, num sorriso desafiador, rodando sobre si mesma, voltando-lhe as costas enquanto se apoiava nos cotovelos e joelhos.
Tinha 64 anos, demoraria sempre algum tempo.
Só nunca pensou na sua mulher.
Depois de acabar, com um sorriso que lhe enchia a cara rosada do cansaço, disse num tom cândido que não tinha dinheiro para pagar, mas que agradecia muito aquela experiência que trouxera alguma vida a um homem acabado. “Está a gozar comigo?”, perguntou ela, já sem sorrisos, enquanto se afastava dele, levantava da cama e vestia as cuecas. “Não, querida”, respondeu ternamente, “desculpa, mas não. Sou um pobre agricultor”. A mulher, chateada, acabou de vestir-se rapidamente e saiu, fechando a porta atrás de si à chave com o homem lá dentro, regressando pouco depois, acompanhada de três mulheres e dois homens.
“Não tenho dinheiro!” justificou-se novamente, mostrando a sua carteira vazia.
“Isso é problema seu”, respondeu uma das mulheres, a mais velha, que era conhecida por ser a dona daquele café infame, “e portanto vai ficar aqui até que alguém venha pagar o que deve.”
As outras mulheres, apesar de chocadas, não disfarçaram uma gargalhada cúmplice, olhando a colega que havia sido vítima daquela partida inesperada.
O telefone começou a chamar. Do outro lado, na casa do casal, tocava. O marido não estava e ela raramente recebia chamadas.“Quem seria”, perguntou a si mesma, ao encaminhar-se, tão vagarosamente quanto a sua perna sobrecarregada pelo peso permitia, para a cozinha, onde estava o telefone.“Estou sim?”, atendeu.
Explicaram-lhe tudo. Ela limitou-se a ouvir. Com uma calma exasperante, respondeu que ia a caminho, mas que tinham de esperar um pouco porque ainda tinha de chamar um táxi. Desligou antes de chorar.
“O que é que havia de fazer?” responderia depois, com algum embaraço, perante a incredulidade de toda a vila “Era o meu marido e não o podia deixar lá.”
(João Freire)
GNR - Ao soldado desconfiado
Para o tema de Abril de 2011, subordinado ao tema da Ternura, num desafio da "Fábrica de Letras".
14/04/2011
08/04/2011
04/04/2011
"Os cabrões lá ganharam" - Uma teoria unificadora do desportivismo
O desporto é assim: um lado ganha, outro lado perde, uns ficam contentes e os outros tristes. A nobreza na hora da derrota só existe para quem não compreende a essência do desporto. Respeito os adversários, acho que devem existir e daí faço o raciocínio que não os devo matar. Apenas isso. É tudo uma questão do que é aceitável e do que não é. Parece básico mas não será bem assim, como se viu hoje nos arredores do estádio da Luz. A verdade é que muita gente não compreende um aspecto importantíssimo do desporto: Sem adversários não há competição e sem competição não há desporto. Pode haver qualquer coisa... no circo não há adversários, por exemplo, no teatro também não, mas, havendo outras coisas, não há desporto seguramente. Muita gente tenta racionalizar a discussão clubística como se fosse possível convencer o nosso interlocutor que a nossa equipa é melhor do que a deles e aí é que está outro erro crasso. Claro que muito do que é referido como "paixão clubística" é sinónimo de ignorância, ainda assim, importa avisar que não existe nenhum caso documentado de alguém que, após ter ouvido os argumentos do seu interlocutor, tenha dito: "Realmente, estes argumentos técnicos e históricos que apresentas nesta discussão fazem sentido. O meu clube é inferior ao teu e amanhã de manhã vou rasgar o meu cartão de sócio e mudar de clube". Ninguém. Nenhuma racionalização é mais forte do que aquela assente na irracionalidade e a escolha de clube é a epítome da irracionalidade e não adianta tentarem subverter esta certeza natural, porque tal tentativa apenas conduz ao agravamento dos métodos argumentativos, isto é, à violência. A violência é apenas uma forma exagerada dessa racionalização inconsequente. Daí não fazerem sentido os debates semanais na televisão e rádio de interlocutores dos principais clubes de futebol, pois estes só alimentam e amplificam as discussões anteriormente infrutíferas e inofensivas de café, transformando-as num baluarte da razão aparente, acendendo frustrações e ódios recalcados que extravasam nos adeptos com consequências gravosas. Perguntem a algum membro das claques dos principais clubes de futebol o porquê de fazerem o que fazem e todos lhes darão alguns raciocínios (muitos fornecidos por esses comentadores de regime), uns mais lógicos, outros menos, claro, mas nenhuns suficientemente válidos para justificar as suas acções mais visíveis nesses estádios de futebol que se vão enchendo de medo e sangue. Sendo assim, importa dizer aos eternos idiotas que agridem, atiram objectos, insultam e que promovem a violência em geral que o desporto é o que acontece lá dentro do campo, com casos, injustiças, suor, lágrimas, risos, derrotas e vitórias características do próprio jogo e que nada do que acontece lá dentro pode ou deve ser alterado por aquilo que alguém faz cá fora.
Deixem o deporto, com a glória e o insucesso, para os desportistas e a alegria a a tristeza, com bocas, piadas, até insultos como os que titulam este texto, mas sem violência, para os adeptos.
(João Freire)
Faith No More - Ricochet
"It's always funny until someone gets hurt and then it's just hilarious!"
28/03/2011
Guilty Pleasures....
Cee-Lo Green - Fuck You
24/03/2011
19/03/2011
Lições de vida por sociopatas eruditos e taxistas revoltados
Audioslave- Shadow of the Sun
(Com legendagem, a pedido de várias famílias)
17/03/2011
Anúncios da Nike com o sobrinho
15/03/2011
11/03/2011
Revolucionários reaccionários
Tem-se assistido nos últimos dias a vários debates sobre a manifestação e em todos eles relevaram, não o estado do país nem a questão dos recibos verdes ou as possíveis soluções para alguns desses males que afectam, maioritariamente, os jovens, e também os outros cidadãos, numa transversalidade geracional que deveria envergonhar toda a gente, mas sim o escalonamento do sofrimento por geração ao longo dos diferentes períodos históricos que vão desde o passado vivo mais longínquo ao presente."Quem sofre(u) mais?" Perguntam os vários analistas e comentadores, baseando-se nos dados mais irrefutáveis. Não respondem, concordando no entanto que, seja a geração que for, não será certamente a geração dos 30.
E o que se pode dizer a isto?
Têm razão. Podemos dizer que sim, que provavelmente têm razão e que não é a geração dos 30 que está "mais" à rasca. E depois podemos perguntar o que é que isso interessa? O que visam conseguir com esta contra-manifestação? Se são os velhos sem pensões ou com pensões tão baixas que têm de andar no meio do lixo à procura de comida que estão à rasca ou se são os nossos pais e tios de 40/50/60 anos "muito jovens para a reforma, muito velhos para aprender um novo ofício", concordaremos que mais do que uma questão geracional é uma questão nacional, e, sendo assim, não deveriam também eles juntar-se à manifestação?
A sério que não percebo esta corrente reaccionária que vem desde o Marcelo Rebelo de Sousa, passando pelo Miguel Sousa Tavares, até à Constança Cunha e Sá, sem esquecer os jornalistas que se desviam do que é essencial e que não fazem as perguntas difíceis, todos eles contestatários do Governo, e que vêm agora reagir contra quem quer fazer alguma coisa ao nível dessa contestação.
O nome da manifestação não será o mais correcto, por ventura. Concordo plenamente, mas há que convir que foi meia dúzia de pessoas a tomar o primeiro passo e a fazer alguma coisa para que a situação mude, independentemente da sua capacidade de Marketing e mobilização. Campanhas apelativas e demagógicas, que apelam a tudo e todos, são feitas pelos partidos (veja-se o caso do Tea Party, nos Estados Unidos), mas será isso o mais desejável? É isso que querem? Para quê discutir miudices quando se pode aproveitar este movimento para discutir coisas importantes. Quem faz birra afinal? Onde está o mal de haver uma manifestação de pessoas insatisfeitas que querem pedir aos governantes que trabalhem mais e melhor, que querem apresentar soluções, que querem dizer para contar com eles? Haverá mal algum em pressionar o governo para que tome medidas, mesmo que se facilite o despedimento dos célebres "in" do sistema contratual, para acabar com os recibos verdes dos que estão "out"? Haverá mal algum se as pessoas exigirem, como se vê na Suíça, um tecto nas reformas e nos salários de toda a gente e das empresas públicas, a fim de aumentar as pensões mais baixas, por exemplo? Haverá mal na sugestão do fim das empresas municipais que sugam dinheiro e contraem empréstimos a fim de esconderem as dívidas municipais, para aumentarem os sacos coloridos que escondem e dividem entre amigos? Eu acho que não, mas há pessoas, muitas pessoas, infelizmente, que continuam a ver o desenvolvimento social de um país ao nível do poder conquistado e não do partilhado. Ou se manifestam contra o que está mal e apresentam soluções ou acham que está tudo bem, mas não critiquem quem está a fazer alguma coisa POR SI E PELO PAÍS só porque não gostam da retórica ou dos cartazes quando cada vez mais se assistem a episódios, que são sintomas de quebras sociais que tendem a agravar-se e a fazer ruir o espírito social e comunitário de um país com consequências imprevisíveis.
E porque não sair agora e aproveitar para ajudar a contestar, surgindo com ideias, apoiando as dos outros, criticando as ideais erradas, quase como se se tratasse de um amigo bêbado que vai para a pancada, e ajudar nos protestos e ajudar o amigo bêbado que apesar de trôpego, tem alguma razão? E afinal, quem estará a fazer uma birra?
(João Freire)
P.S. - Post baseado num comentário a um post, com um texto que anda a circular na net, num blogue que sigo e do qual gosto.
09/03/2011
Uma perspectiva diferente
Aquilo somos nós. Ali se encontram todas as pessoas que conhecemos, todos os locais que visitámos e tudo o que aprendemos ao longo do caminho. As memórias de infância, os sorrisos e as lágrimas, os beijos e os pontapés no cú, tudo o que nós somos e sonhamos ser, as nossas crenças e o conhecimento que adquirimos, as virtudes e os defeitos. Ali está a vida, a sua biologia, química e física, a essência e a consciência - algumas vezes inflamada outras vezes oprimida - do que somos, mas sempre essa presença da nossa própria importância que nos enche e nos distancia de tudo e todos os que nos rodeiam, uma força criadora e altamente destruidora, o potencial e a frustração, a arte e a guerra. Dali não saímos. Aquilo também é a nossa alma, o nosso Deus e o céu. Aquele é o nosso tempo. Ali nascemos, ali vivemos e ali inevitavelmente morremos.
(João Freire)
Cinematic Orchestra - To Build a Home
P.S. - Inspirado numa outra perspectiva de Carl Sagan.
01/03/2011
Dos parvos e parvas ao risco de dispersão
(João Freire)
15/02/2011
A loucura dos loucos
A loucura de que os loucos falam não é a mesma de que outros falam habitualmente. A loucura de que eles falam nem se fala, propriamente… sente-se. Nós, os que não somos loucos, falamos de uma loucura saudável, que nos influencia, mas não nos controla, mas a loucura não é nada disso. A loucura é um peso que esmaga e atemoriza através de um ruído, uma imagem ou um toque, é uma confusão constante impregnada de medo, um ímpeto descontrolado que nos leva ao nosso pior, é o não saber, não querer e não se importar... é o não sentir, sentindo tudo. É a dor. Só anseia pela loucura quem nunca a experimentou e essa é a nossa loucura.
Right Where It Belongs - Nine Inch Nails
Para o tema de Fevereiro de 2011, Loucura, num desafio da "Fábrica de Letras".
12/02/2011
Mind The (generation) Gap - Uma revolução diferente
Uma quarta classe bem tirada nesse tempo equivaleria hoje a uma licenciatura.
Era um país melhor, num tempo melhor, com gente melhor lá dentro, com trabalho, saúde e dinheiro.
Tretas!
Foi nessa altura que nascemos.
Esse mundo era o nosso país, orgulhosamente fechado, onde tudo era produzido e tudo era consumido, onde todos os que arranjavam trabalho, de aprendizes a mestres, garantiam um emprego para a vida, com direitos e regalias, uma família, um carro e uma casa.
Com a liberdade, um estado social ao nível dos melhores, e Portugal na bolina rumo ao desenvolvimento.
Tínhamos tudo à mão de semear, uma mão beijada, sem trabalho nem esforço e tudo graças a essas gerações que tinham combatido lá fora e cá dentro por nós, seus filhos e netos, e pela liberdade e prosperidade de Portugal. E nós, esses mesmos filhos e netos, não lhes dávamos o devido valor. Não sabíamos nada, diziam. Crescemos em Portugal com esse estigma, mas apenas estávamos desinteressados. Estudámos até tarde sem nos preocuparmos em ter um trabalho aos 20 e uma família constituída aos 30, ouvíamos música e saíamos à noite com os amigos, a geração dos doutores e engenheiros que não sabia o que era a vida real.
Entretanto o mundo real transformava-se e Portugal acompanhava essa transformação. A adesão à CEE, os fundos europeus, a moeda única, o mercado global, um castelo de cartas apoiado em nada que viria a desmoronar-se.
A geração que conquistara tanta coisa perdera tudo. A escola que os ensinara tão bem não os preparara para este novo mundo para lá de Vilar-Formoso, cheio de tecnologia e informação, o trabalho que tanto cultivaram era deslocado para um país longínquo e a vida que planearam desde a infância fugia-lhes debaixo dos pés para nunca mais voltar.
Os jovens por outro lado habituavam-se facilmente a este novo mundo de telemóveis, Internet e recibos verdes (a precariedade sempre fizera parte da vida profissional deles). Os novos trabalhos pareciam feitos à medida deles.
Uma geração de Doutores e Engenheiros a trabalhar no atendimento ao cliente, a servir mesas, a distribuir panfletos nas caixas de correio, a vender de porta-a-porta, até a trabalhar na agricultura! E sempre a precariedade.
Os mais velhos, incapazes de lutar neste novo mundo que lhes fugiu ao controlo, demasiado velhos para trabalhar e ainda longe da idade da reforma, olham agora para os seus direitos adquiridos com alívio, reformando-se mais cedo, afundando ainda mais o sistema que conduziram desde o seu apogeu à falência, à custa de uma geração cheia de deveres mas que nunca terá os mesmos direitos.
Mas há uma revolução que se avizinha. Não será a revolução de golpe-de-estado que vemos anunciada a cada dia quando sobe a gasolina ou se instalam os pórticos nas SCUT, mas uma mais importante, uma revolução moral, apolítica, assente em valores filosóficos e não económicos.
Nunca perceberam que o nosso desinteresse era condescendente.
E será esta geração, a geração que vos serve às mesas, atende os telefones e lhes vende o pacote de TV, telefone e Internet a protagonizar essa revolução, fazendo o seu trabalho, o melhor que sabe, mostrando-se preparada para fazer qualquer coisa, em qualquer lugar, em qualquer condição, ocupando passo-a-passo os lugares de poder de um mundo que já não é o país, um mundo tecnológico, interligado, que exige os mais variados conhecimentos, um mundo no qual a tabuada terá pouca importância e a nascente do rio Mondego não terá nenhuma… e fá-lo-emos muito melhor, a recibos verdes, se for preciso, para lhes pagarmos as reformas.
(João Freire)
Revolution - Jim Sturgess