28/04/2009

"Eles andem aí!"

Levibora - baixo
Mané Piton - outras vozes, sons, orgão, palminhas, e outras coisas
Toninho Cascavel - guitarra
João Jibóia - voz, sons e coisas electrónicas
Lauro Cobra d'Água - voz, dança e saltos mortais

juntos, formam o Agrupamento Musical Lauro Palma e aqui deixo algumas das suas pérolas.

uma mosca sem valor (poema de António Aleixo)



famel



ao vivo e a cores, este sábado no bairro alto, no Festival Shuffle no Espaço Interpress. (Rua Luz Soriano, 67 - Metro: Baixa-Chiado)

25/04/2009

Curtas

Pepe
Esta semana, o Pepe... aquele segundo pontapé... Nem adianta!!!!

Loiras e Chuck
A Telma Monteiro aparece aqui, para além do facto de ser do Benfica e de ter conquistado a medalha de ouro no Campeonato da Europa na categoria de -57kg, por causa daquele rabo de cavalo que anda por todo o lado da sua cabeça. É muita pinta e eu acho-lhe piada por isso.


E esta senhora, que até se chama Yvonne, aparece por ser uma revelação para mim e de se ter tornado numa das personagens femininas que mais razões me deu para ver uma das séries que mais razões me dá para ligar a televisão ou o computador, basta ver a forma como se divertem nas gravações.
E depois, também, porque são as duas... sei lá, devem ser os olhos.


Nuno Álvares Pereira
Amanhã, no Vaticano, mais um Português a subir aos altares. Nuno Álvares Pereira foi uma das mentes por trás da Batalha de Aljubarrota (em português com link respectivo em português) ou Batalla de Aljubarrota, (em Castelhano, com link respectivo em castelhano) na qual enfrentou 30 mil espanhóis de Castela, franceses e italianos, com a companhia de 6 mil portugueses e arqueiros ingleses, numa diferença de cinco para um atenuada pela estratégia e inteligência dele e de outros.
Já a parte do milagre da oftalmologia... Sou espiritualmente desconfiado, com tendências para o agnosticismo e ateísmo, mas até posso conceder que quero acreditar em algo... mas porque é que os milagreiros não evitam simplesmente a tragédia? Será para testar a fé, mas não há melhores maneiras de testar a fé do que com azeite a ferver? E milagres com pessoas amputadas, porque é que não há registo deles? Serão os amputados filhos de um deus menor?

25 de Abril
E claro... hoje é 25 de Abril, dia de celebração de um acontecimento apesar de tudo bastante positivo. Para contrariar, porque gosto de ser do contra, escolho a primeira senha da revolução, a que deu o sinal de preparação a todos os intervenientes, uma canção de Paulo Carvalho emitida por volta das 23:00 de 24 de Abril de 1974 e que sempre ficou na sombra da Grândola Vila Morena, a segunda senha da revolução (aqui na versão da Amália, que, por sua vez, sempre foi considerada intíma do Regime - com o que quer que isso queira dizer)

Paulo de Carvalho - E depois do Adeus

24/04/2009

Figuras de estilo 4/4

4/4

As armas e os barões assinalados/ Que, da Ocidental praia Lusitana” (Camões) - sinédoque


"Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos..." (Eugénio de Castro) - aliteração


"Não é que o meu o teu sangue / Sangue de maior primor." (Alexandre Herculano) - hipérbato


"Enquanto dormias a tua solidão" (Jorge de Sena) - enálage


"costas da cadeira" - catacrese


"Fugi das fontes: lembre-vos Narciso." (Camões) - alusão


"com a sua catadura feroz pouco própria para animar os gorgeios dos bernardins, que são sempre lamurientos..." (A. Bessa Luís) - antonomásia



todas as fotos foram tiradas daqui.

22/04/2009

Figuras de estilo 3/4

“Ó glória de mandar, ó vã cobiça/Desta vaidade a quem chamamos fama.” (Camões) - apóstrofe/invocação


“Para os vales poderosamente cavados, desciam bandos de arvoredos, tão copados e redondos, de um verde tão moço, que eram como um musgo macio onde apetecia cair e rolar.” (Eça de Queirós) - imagem


“…tão grande sandice é […] desprezar o estado das virtudes, e escolher o estado dos pecados, como seria se algum quisesse passar algum rio perigoso e tormentoso e achasse duas barcas: uma forte e segura e mui bem aparelhada, e em que raramente algum se perde, […] e outra velha, fraca, podre, rota em que todos se perdem, e alguns poucos se salvam”. (D.Duarte) - alegoria

"(...) e a Mãe Vilaça, abriu-lhe uns grandes braços amigos cheia de exclamações". (Eça de Queirós) - hipálage


“E crescer e saber e ser e haver/ E perder e sofrer e ter terror.” (Vinicius de Morais) - polissíndeto


"O Dantas fez uma Sóror Mariana que tanto podia ser como a Sóror Inês, ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre de Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!" (Almada Negreiros) - enumeração

"Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo; /Eu choro, eu desespero (...)" (Bocage) - gradação


"À barca, à barca, oulá! que temos gentil maré!" (Gil Vicente) - elipse


“Tenho estado doente. Primeiramente, estômago – e depois, um incómodo, um abcesso naquele sítio em que se levam os pontapés…” (Eça de Queirós) - perífrase



todas as fotos foram retiradas daqui.

20/04/2009

Figuras de estilo 2/4

2/4

“Da luz, do bem, doce clarão irreal.” (Camilo Pessanha) - sinestesia



"Vivemos, raça, porque houvesse Memória em nós do instinto teu." (Fernando Pessoa) - anástrofe



“Joana flores colhia/Joana colhia cuidado.” (Bernardim Ribeiro) - quiasmo


“E agora José? A festa acabou/a apagou/o povo sumiu/a noite esfriou/e agora José? E agora Joaquim? /Está sem mulher/está sem discurso/está sem caminho…” (Carlos Drummond de Andrade) - paralelismo ou simetria

Toda a manhã/fui a flor/impaciente/por abrir. /Toda a manhã/fui ardor/do sol/no teu telhado. “ (Eugénio de Andrade) - anáfora


"Que saudade, gosto amargo de infelizes" (A. Garrett) - paradoxo



"E as cantilenas de serenos sons amenos." (Eugénio de Castro) - assonância



“Eu hoje estou cruel, frenético, exigente.” (Cesário Verde) - assíndeto


“O excomungado não tem queda para as letras.”(Aquilino Ribeiro) - metonímia




"Está começando a esta hora a apodrecer, não a perturbemos." (Eça de Queirós) - disfemismo




todas as fotos foram retiradas daqui.

Hurt

Depois desta e desta, como reinterpretações de uma das muitas obras do excelso Trent Reznor, e depois de descobrir que até a fadista Mísia tem uma versão, deixo agora aqui mais uma:



Há mais versões deste tipo aqui.

E, para quem não sabe, os Nine Inch Nails vão actuar em Paredes de Coura. Mais informações aqui.

19/04/2009

Figuras de estilo 1/4



“Vi, claramente visto, o lume vivo.” (Camões) - pleonasmo



“Também, choram [as ondas] todo o dia, /Também se estão a queixar. /Também, à luz das estrelas, /toda a noite a suspirar!” (Antero de Quental) - personificação

"Meu pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa) - metáfora



"Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor!" (Mário de Andrade) - ironia


“Ali, àquela luz ténue e esbatida, ele exalava a sua paixão crescente e escondia o seu fato decadente.” (Eça de Queirós) - antítese


"Ela só viu as lágrimas em fio/que duns e doutros olhos derivadas/se acrescentaram em grande e largo rio.” (Camões) - hipérbole


"Era uma estrela divina que ao firmamento voou!" (Álvares de Azevedo) - eufemismo


“A rua […] parece um formigueiro agitado.” (Érico Veríssimo) - comparação


“Plácida, a planície adormece, lavrada ainda de restos de calor.” (Virgílio Ferreira) - animismo


Bang! - onomatopeia





(todas as imagens foram pirateadas daqui)

18/04/2009

Been there, done that

"Most people are other people. Their thoughts are someone elses opinions, their lives a mimicry, their passions a quotation."


(Oscar Wilde)

16/04/2009

Parabéns Ricardo!



Muitas felicidades, muitos anos de vida.

Beijos & Abraços mano! :)

15/04/2009

Parabéns Mãe!



Muitas felicidades, muitos anos de vida!

Beijos e abraços :)

And let the goosebumps begin!

Cliquei em "watch Now" depois de ter lido: "Watch the world premiere of the YouTube Symphony Orchestra's "Internet Symphony" mashup video"

e aqui está o resultado:

"YouTube presents the world premiere of the Tan Dun composition "Internet Symphony, Eroica" as selected and mashed up from thousands of video submissions from around the globe."



Pois! Está engraçado, mas não é nada de espectacular. Não fiquei com pele-de-galinha, nem senti o coração a bater mais rápido, e o problema disso é a p**** da expectativa. Tanto alarido na página inicial do YouTube e depois é SÓ isto?! pff!
É claro que também pode ser por estar a falar de barriga cheia. E antes que comecem a pensar que aqui a ipsis é um cubo de gelo, digo-vos já que me derreti toda com isto...

13/04/2009

A Páscoa

O objectivo da sociedade de consumo é transformar todos os dias, desde aqueles em que há alguma celebração, como a Páscoa, o Carnaval... ou mesmo o dia de finados, até aos outros dias do ano em que não se celebra nada, num sucedâneo mercantilista do Natal. E está a consegui-lo.

09/04/2009

Curtas

O zunir nos ouvidos antes do ferroar no pescoço

Admiro a generosidade sacrificial com que as abelhas honram a sua mestra, o seu grupo. Há uma maldade naquele insecto, na forma como ataca sem descrição tudo o que se aproxima da colmeia, mas é uma maldade doce: um pequeno ferrão e uma pequena picadela - que até faz bem a quem a recebe, e que se torna no último gesto em vida da abelha. O seu último gesto é pelos outros, os que ficam.


In Bruges

In Bruges é um dos melhores filmes que vi. E como podia não o ser? Assassinos contratados de férias, Irlandeses palavrosos, um anão viciado em tranquilizante de cavalos, prostitutas holandesas, um casal de ladrões, uma grávida dona de um hotel e uma cidade medieval perdida na Bélgica são todos os ingredientes que qualquer filme deve ter. Colin Farrel, Brendan Gleeson e Ralph Fiennes estão brilhantes no filme. Para além do mais, embora seja uma forma diferente de ver um filme, acabei de descobrir que está no Youtube. Vale mesmo a pena!

08/04/2009

07/04/2009

Para recordar...

A parte da condução é brilhante.

05/04/2009

Serve isto para dizer...

Obrigado à gerência do Porque é que o Mar é Azul!



As regras da aceitação do prémio serão estas:

1. Exibir a imagem do prémio;
2. Postar o link do blogue que o premiou;
3. Indicar dez blogues para fazerem parte do “Manifesto Jovens que Pensam”;
4. Avisar os indicados;
5. Publicar as regras.

Parece que tá feito!

01/04/2009

Os amantes, por Pedro Paixão na 1ª edição da Playboy portuguesa

"Não se pode dizer que vivam juntos. Muitas vezes duas pessoas gostam uma da outra e não conseguem viver juntas. É o caso deles. Casaram-se e depois separaram-se. Como toda a gente. Mas, passados meses de dor e recíprocas violências, encontraram uma saída que a ambos pareceu inteligente. A ideia foi ela que a teve. Passarem os dias de trabalho cada um em sua casa e os dias feriados juntos na casa de um, ou de outro. Há coisas animais, emoções incontroláveis e, sobretudo, o constante desgaste dos dias que destroem a alegria – o puro prazer de se estar com alguém, o verdadeiro interesse pela vida do outro – enquanto o sexo se transforma numa rotina mais ou menos enfadonha. Ele chama-se João, ela Maria.
Jantam à sexta-feira num restaurante chinês e decidem a casa para onde vão. Um pequeno almoço juntos e depois despedem-se , cada um partindo para seu lado, com o coração levemente aflito. Durante os dias em que não estão juntos, estão proibidos de se falarem ao telefone ou comunicarem de qualquer outra forma. Salvo uma emergência imprevisível – um incêndio na cozinha, a morte de um familiar, uma súbita fragilidade da alma.
Conheceram-se no liceu. Casaram-se tinham ambos 24 anos. Agora vaõ fazer trinta e um. É muito forte o amor que os une. Um amor só deles, que as pessoas não compreendem e por isso criticam. O amor precisa de ser protegido, abrigado, alimentado com todo o cuidado. O quotidiano é o pior inimigo. Corrói o imprescindível respeito pelo outro, por quem o outro é. Consome a distancia que é preciso manter para que o outro possa ser quem é. Começa a asfixia.
É um engano grande julgar que não se pode viver com esta pessoa mas que se poderá viver com outra, porque na maioria dos casos é a própria vida que nos abandona e afasta. No caso deles há um facto relevante. Nenhum deles quer ter filhos, fundar, como se diz, uma família. Trazer ao mundo uma vida não só é uma responsabilidade de que se conhecem os limites, como uma inconsciência para a qual nunca se está suficientemente preparado. Pelo menos por agora.
Ele tem uma casa junto ao mar, ela um apartamento no centro da cidade. Ele é um economista, ela editora de um jornal diário. Quando se encontram riem dos acidentes da semana, do ridículo comportamento dos humanos, dos problemas insolúveis. O trágico também pode ser visto de modo a merecer uma gargalhada.
Falam dos livros de lêem, e um programa passado na televisão ou na rádio, do concerto para o qual é preciso comprar bilhetes pela internet, de pequenas coisas sem verdadeira importância. Não se criam aqueles deprimentes silêncios quando já não se tem nada para dizer um ao outro e, dentro de um carro, cada um olha em frente com receito de olhar para o lado e deparar com um desconhecido.
Os pais não percebem, os amigos não percebem, ninguém percebe. Toda a gente conspira para que aquela frágil e preciosa relação termine. Quase todos têm pavor de ficar sozinhos, de morrer sozinhos. O que os agarra é o medo.
Por isso condenam-se aos piores compromissos . Eles, pelo contrario, sabem não só que há em qualquer humano uma solidão que nunca pode ser superada, como que só ela abre um espaço onde o coração pode viver livre. Os corações também precisam de respirar.
Todos os anos, em meses variáveis, fazem uma viagem juntos. No ano passado foram a Viena, esta ano pensam ir à Finlândia. Juntos decidem todos os pormenores, embora cada viagem deva ser uma aventura da qual não se conhece o desfecho. Juntos vêem-se coisas que de outro modo não se veriam, porque cada um aponta ao outro o que, a sós, lhe poderia passar despercebido. Aprende-se mais porque ao falar as palavras chamam pelas coisas tornando-as mais nítidas, mais presentes. Num casamento comum há sempre um que em determinado momento precisa de se calar. Ali não. Antes de adormecer, adoram relembrar o que viram, sentiram, descobriram. E o sexo vem e chega, sempre poderoso, transportando-os para íngremes paisagens, súbitos abismos. Como dois desconhecidos que se desejam loucamente dentro de um comboio e não se recusam ao mais premente prazer.
Em Viena, o que mais a impressionou foi uma exposição das obras do último ano de vida de Picasso, uma gigantesca e heróica luta contra a morte. Ele, o que mais apreciou foi visitar a casa de Freud, um lugar onde se conspirou contra a sufocante normalidade dos costumes. Nenhum deles sabe até quando aquela relação poderá durar. Pode não se conseguir continuar. Pode acontecer uma paixão imprevisível. O amor é um trabalho pelo qual se tem e lutar e o que já se conseguiu dissipa-se no passado. Eles estão preparados para o fim. O que importa é acreditar no que ainda há-de vir, no indomável Se assim não fosse não valeria a pena. Faz parte o amor não saber quando pode acabar. Sempre aquela pequena dor que acompanha o verdadeiro amor."


Pedro Paixão in Playboy

I - Não comprei nem vou comprar a Playboy. Apesar de achar piada à Mónica Sofia e a raparigas nuas as much as the next guy, acho que há coisas mais interessantes a fazer com o dinheiro e com o tempo - até porque tudo o que aparece nessas revistas acaba por aparecer na Internet, tal como este texto - o qual nem sei se é verdadeiro. Descobri o texto na secção de comentários do blogue do Júlio Machado Vaz num post sobre o tenista Frederico Gil (?)

II - Pedro Paixão é um autor relativamente desconhecido - ouvi falar dele pela primeira vez através dos programas do Fernando Alvim - e a verdade é: apesar de falar de Pedro Paixão a todos os meus amigos, aconselhando-os vivamente a ler qualquer coisa dele, nunca li um livro completo dele, tendo-me remetido apenas a alguns textos e excertos.
Sim, sou uma besta.