28/02/2008

O cofre do fim dos dias

O "cofre do fim dos dias", situa-se no Pólo Norte e vai guardar todas as variedades conhecidas de lavouras do mundo todo. Enterrado numa montanha nas ilhas de Svalbard, a cerca de 1000 km do Pólo Norte. Com portas a vácuo e detectores de movimento, além dos ursos polares que freqüentam a área, a instalação de cimento é, segundo os patrocinadores do projeto, a construção mais segura deste tipo no mundo. O ministro da Agricultura da Noruega, Terje Riis-Johansen, disse que o cofre será a "Arca de Noé" em Svalbard. O objetivo do cofre é garantir a diversidade de sementes no caso de uma epidemia de doenças em lavouras, guerra nuclear, desastres naturais ou mudanças climáticas, oferecendo ao mundo uma chance de recomeçar o cultivo de lavouras de alimentos que podem estar extintos. Em temperaturas de -18º C, as sementes poderão ser conservadas por centenas e até milhares de anos. Mesmo se todos os sistemas de refrigeração falharem a temperatura na montanha congelada nunca vai subir além do nível de congelamento, explicou Riis-Johansen.

Fiona Appple - Paper Bag

26/02/2008

Globalização dos sonhos

Hoje é dia de blogue. Apenas porque sim. Não há livro de regras que o indique nem uma vontade inultrapassável de escrever que a isso obrigue. Mas é. Tinha até dois ou três textos para a selecção final e já ia escolher o vencedor, o menos mau, portanto. Mas antes fui ver alguns blogues. Blogues de amigos, blogues de conhecidos, blogues em geral e não gostei do que vi. Já não tinha gostado de ver em Braga a cara de outros amigos e conhecidos. Não que sejam feios. Todos os meus amigos são bonitos e as amigas então, nem se fala. Mas não gostei porque vi neles a cara da desilusão. Por uma razão ou outra, grande parte das pessoas do país está a atravessar uma depressão. Eu preocupo-me mais com aqueles que conheço, claro, mas, de certa forma, penso: Porque é que isto acontece em tão larga escala? Será certamente um produto das condições estruturais do país, a famigerada crise social que já vem sendo falada há anos e que ao que tudo indica está prestes a rebentar com o empurrão da depressão económica que se instalou este ano por todo o mundo, e que se sente mais devido à falência das instituições, com a política à cabeça, e todas essas tretas políticas que interessam, mas que não interessam agora, mas é também o resultado da globalização dos sonhos. E o que é isto da globalização dos sonhos? Bem, Marx dizia que numa sociedade capitalista tudo é mercantilizado, pois então, numa sociedade capitalista globalizada tudo é mercantilizado em todo o lado. A globalização aumentou o nível médio de vida de todos os povos, permitindo o acesso a produtos mais baratos, a melhores infra-estruturas e meios de comunicação. Isto é inegável. Mas, ao proporcionar este aumento do nível de vida das pessoas, começou a imiscuir-se na regulação dos sentimentos. O ser humano dos finais do século XX e início do século XXI é um ser humano livre, cheio de potencial a quem é dito que pode aspirar a tudo. Mas será que isto é possível. Poderemos aspirar todos a tudo? E quão livres seremos? Aquilo que eu sou não é tanto aquilo em que eu me tornei, pela educação nos seus trâmites familiares, escolares, de pares e sociais, mas aquilo que me é dito para ser. Este processo começa na infância e segue-nos até á morte, chegamos ao ridículo de pagar para nascer, para viver e até para morrer, como dizia o Agostinho da Silva. Quantos de nós não obrigaram os pais, através de chantagem emocional, a comprar umas sapatilhas de marca ou um brinquedo de última geração? É a publicidade, mas é toda uma cultura de sonhos que nos orienta para o sucesso e nos confronta com o fracasso. Como é que alguém pode ter interesse na rapariga da porta ao lado quando é confrontado na televisão, no cinema, na Internet, no que quer que seja, com a Elena Anaya? O cinema, a televisão, os livros, as revistas, o próprio contacto com outras realidades mostra-nos que em qualquer lado do Mundo há alguém melhor do que nós, alguém que tem a vida que nós merecemos. Há sempre alguém que tem a sorte de ter a namorada que queremos para nós, há sempre alguém que tem a sorte de ter um emprego a fazer aquilo que mais gosta e, como esses ‘alguéns’, outros com a sorte de ter saúde, dinheiro, amor, amigos, toda e qualquer categoria de análise que possa aparecer no horóscopo semanal de qualquer revista social, e a felicidade! Sempre a felicidade. Somos confrontados diariamente com histórias de sucesso e pensamos: porque não eu? Na realidade não há resposta. O facto é que não há razão e que todos nós devemos aspirar mesmo a uma vida melhor e a procurar a felicidade. É certo que nem todos a encontraremos, é certo que alguns vão ficar pelo caminho, racionalizando que até aprenderam com o fracasso, mas entre depressões, suicídios, cedências e compromissos, alguns vão escapar. A felicidade é um risco, mas um risco que vale a pena correr.

P.S. – E para os amigos de Braga, sempre há-de haver tempo para um sábado no bar do Theatro Circo e no B.A. (Desde que nos deixem entrar e que me deixem dançar)

(João Freire)

Reaproveitado para o desafio de Novembro da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Sonhos".

20/02/2008

Muhammad Ali - Uma receita para a vida que não vem no livro de Pantagruel



- O que é que você gostaria que as pessoas pensassem de si quando morrer?
- Gostaria que elas dissessem: Ele pegou nalgumas chávenas de amor, numa colher de paciência, numa colher de sobremesa de generosidade, num pouco de bondade, num quarto de risos, numa pitada de preocupação e depois misturou boa-vontade com felicidade, juntou-lhe carradas de fé e misturou tudo muito bem. Depois ele espalhou tudo no espaço da sua vida e serviu a todas as pessoas merecedoras que ele conheceu.

19/02/2008

Genialidade

"Não é um elevado grau de inteligência, nem a imaginação, nem os dois juntos, que contam para a genialidade. Amor, amor, amor, é que é a alma da genialidade."

(Wolfgang Amadeus Mozart)

Ou, como diz Vitor Freire, "o que conta é o amor."

16/02/2008

Ben Harper - Morning Yearning

Parece que este vídeo foi realizado pelo Heath Ledger e como o moço até era um bom actor, fica aqui a homenagem. E a canção também é fixe.

15/02/2008

Escrever à tarde

Palavras, sons e imagens… sentidos! Tudo o que é preciso. Uma pletora de sensações. Músculos, veias, a pele a latejar, o toque, que tanta falta faz, o contacto forçado, a trepidação e a velocidade. Uma raiva crescente que desagua na paixão como um grito animalesco que se harmoniza em música. Sinto o cheiro de um perfume de infância e o gosto de algo do passado que ainda consigo saborear. Há folhas em branco onde nem escrevo o que não digo e apenas um nome na parede, há o castanho nos olhos, não meus, que reflectem a imagem de uma pessoa que não sou eu e nada mais. O que é isto de sentir, esta consciência que temos de nós e do que nos rodeia? Sentir é viver, receber sem questionar, apenas e só… sem preocupações, volume no máximo, a vida como deve ser.


(João Freire)




Incubus - The warmth



Recordado para o tema "Paixão" num desafio da "Fábrica de Letras"

12/02/2008

O PADRE QUE NÃO GOSTAVA DOS ESPANHÓIS

Numa povoação pequena, mesmo junto à fronteira entre Portugal e Espanha, a Igreja fica cheia para a missa das 10h: portugueses, espanhóis, o presidente da junta, etc..
O padre começa o sermão:
"Irmãos estamos hoje aqui reunidos para falar dos Fariseus... Aquele povo
desgraçado...como esses espanhóis que estão aqui..."
Ohhhhhhh !!!! O maior tumúlto tomou conta da igreja.
Os espanhóis ofenderam o padre, houve porrada na porta da igreja. O presidente da junta levou as mãos à cabeça, indignado.

Acabada a confusão, o presidente da junta foi falar com o padre na
sacristía:
" - Sr. Padre, vá devagar, os espanhóis vêm para este lado, gastam nas lojas, nos restaurantes, trazem divisas para a Portugal . Não faça mais provocações."
Durante a semana a conversa entre todos era a mesma: o padre e o sermão do Domingo. Aquele zum-zum-zum todo foi fazendo com que as pessoas ficassem curiosas e a querer saber mais sobre o que tinha acontecido.
Finalmente, chega o domingo.
O presidente da junta chega à sacristía e fala com o padre:
"- Padre, o senhor lembra-se da nossa conversa, não? Por favor, não arranje nenhum problema hoje, ok?"
Vem a missa e o padre começa o sermão:
"Irmãos... Estamos aqui reunidos, hoje, para falar de uma pessoa da Bíblia:
Maria Madalena. Aquela mulher, a prostituta que tentou Jesus, como essas espanholas que estão aqui..."
Caldeirada geral: pancadaria na igreja, partiram velas nos corredores, chapadas, socos e alguns internamentos no SAP da povoação.
O presidente da junta foi novamente ter com o padre:
"- Padre, o senhor não me disse que iria com mais calma? ... se o senhor não amansar, vou escrever uma carta ao Bispo e pedir a sua retirada imediata."
Naquela semana, o tumúlto era maior ainda. As conversas eram maiores ainda.
Ninguém iria perder a missa do próximo domingo nem que a vaca tossisse. Na manhã de Domingo, o presidente da junta entra na sacristia com a polícia e adverte o padre:
" -Sr. Padre, não provoque desta vez, senão acuso-o de provocação de tumulto e vai dentro !!"
A igreja estava abarrotada. Quase não se conseguia respirar de tanta gente...
Começa o sermão :
" Irmãos... Estamos aqui reunidos hoje, para falar do momento mais importante da vida de Cristo: a Santa Ceia"
(O presidente da junta respirou aliviado...)
- Jesus, naquele momento, disse aos apóstolos :"Esta noite, um de vocês me trairá.'
Então João pergunta: 'Mestre, sou eu?' e Jesus responde: 'Não, João, não será você'.
Pedro pergunta: 'Mestre, sou eu?' e Cristo responde: 'Não, Pedro, não será você.'
Então Judas pergunta: 'Mestre, soy Yo???...'

11/02/2008

Chiado



O Chiado é um largo em Lisboa e o nome dado à zona circundante, entre o Bairro Alto e a Baixa de Lisboa.

O nome Chiado é muitas vezes usado para designar apenas a Rua Garrett, a principal artéria comercial da zona, que tinha essa designação e que, posteriormente, foi rebaptizada com o nome do escritor e poeta Almeida Garrett. A rua, que desce do Largo do Chiado para a Baixa, é bem conhecida pelas suas lojas, cafés e livrarias. A zona, devastada pelo fogo em 1988, está a ser restaurada gradualmente.

Origens do nome

São muitas as hipóteses para a palavra Chiado, usada desde 1567, uma das mais interessantes refere-se ao chiar das rodas das carroças que subiam as íngremes vertentes. Uma segunda refere-se à alcunha ao poeta do século XVI, António Ribeiro, O Chiado.

in Wikipedia

"Philosophy is just a by-product of misunderstanding language"

Olympics por Bruno Bozzetto

Imaginação

"Consistency is the last refuge of the unimaginative."

(Oscar Wilde)

In Extremo- Vollmond

"Komm schließ die Augen, glaube mir
Wir werden fliegen übers Meer"



Presumidamente delicados? Descontextualizados? Não,
são mesmo assim, e eu gosto... pelo menos desta música.

10/02/2008

O teste de Milgram

Na sequência da Segunda grande Guerra Mundial e dos julgamentos aos Nazis que lhe seguiram, nos quais os arguidos respondiam às acusações dizendo que apenas estavam a cumprir ordens, Stanley Milgram fez um estudo nos Estados Unidos da América que visava medir a disponibilidade dos participantes no estudo a obedecer a uma figura autoritária que lhes ordenasse algo contraditório à sua consciência.

04/02/2008

Sonhar

"If you have built castles in the air, your work need not be lost; that is where they should be. Now put the foundations under them."

(Henry David Thoreau)

03/02/2008

Um segredo

É difícil ser sincero. Penso até que será impossível. Mesmo a pessoa com as melhores intenções não negará a utilidade de uma mentira inocente, de uma verdade que se esconde para não magoar, de um segredo que se mantém apesar da pertinente pergunta o querer revelar. Quantas vezes te escondi o que queria dizer com medo que não respondesses da mesma forma? Quantas vezes não te falei à espera que dissesses tu a primeira palavra? Queria saber o que nunca soube, chegar a uma conclusão sobre o que sentias e elaborei jogos na minha cabeça para descobrir tudo. Menti, escondi, fugi, fiz tudo aquilo que não devia em busca daquilo que achava ser certo. Tentei descobrir-me e descobrir o mundo, mas nada vi para além da desconfiança. O que alcancei? Claro que ainda não sei nada ou sei pouco. Sei que é difícil mostrar o que vai dentro de nós. Não queremos parecer frágeis, não queremos magoar os outros. E aquilo que vai cá dentro muda tanto. Como é que podemos ser sinceros com os outros se às vezes não conseguimos ser sinceros connosco? Aquilo que eu sinto hoje não é o que eu senti ontem e não é certamente o que eu sentirei amanhã. A verdade é que por muito que queiramos ser sinceros nunca o conseguimos ser na totalidade porque nestas coisas não há verdades absolutas. Os sentimentos mudam, a nossa maneira de ver o mundo também muda e temos demasiadas dúvidas sobre tudo. Não sabemos sequer quem somos, apenas o que fomos. Mas claro que também há um lado útil nisto tudo. A incapacidade de sermos sinceros mantém tudo em aberto. As portas nunca estão verdadeiramente fechadas se não temos chaves para as encerrar, mesmo que às vezes seja o melhor a fazer. Talvez um dia consiga ser sincero, sentir por dentro o que passo para fora. Talvez seja essa a finalidade do Homem, aquilo que dizem de se encontrar, sem jogos, sem máscaras, sem mentiras. Por agora, só sei que é complicado. Não sei porque é assim e nem gosto que seja assim, mas é e, por isso, quem sabe?

(João Freire)

02/02/2008

01/02/2008

Nine Inch Nails - Only

Por acaso, este vídeo também é realizado pelo David Fincher.

Sequência de abertura e cena do filme Panic Room de David Fincher



Como não existia no youtube, tive eu de fazer isto.

Para ver a execução da cena em Factos Val´nada clicar aqui