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31/03/2012

Em tempo de guerra, a primeira vítima é a verdade


Foi por volta do meio-dia de 1 de Fevereiro de 1968 que o General Nguyen Ngoc Loan executou sumariamente um prisioneiro Viet Cong nas ruas de Saigão, durante a Ofensiva de Tet. Quase por acaso, Eddie Adams, um fotógrafo da AP, captou a fotografia que viria a ser uma das mais icónicas da guerra e a perfeita analogia para o desconforto que tal guerra causava entre a opinião pública mundial. (Também há o vídeo, captado por Vo Suu para a NBC).
O que a fotografia e o vídeo mostram à primeira vista é o à vontade do General, um esgar de raiva do soldado que observa no canto esquerdo e o medo patente no rosto do jovem indefeso, com as mãos algemadas, perante uma indiferença generalizada dos que os circundam, num acto de total desumanidade e desrespeito pelos mais básicos valores e direitos humanos. Mas a realidade nunca é bem assim. Não se sabe ao certo o nome da vítima (frequentemente apontada como Nguyem Van Lem), mas, independentemente do seu nome, sabe-se que era um 'oficial' norte-vietnamita, que comandaria uma brigada da morte, que tinha sido apanhado a matar não só oficiais sul-vietnamitas, próximos do general Loan, como as respectivas famílias.
"O general matou o Viet Cong; eu matei o general com a minha câmara. As fotografias são a arma mais poderosa no mundo, as pessoas acreditam nelas, mas as fotografias mentem, mesmo sem manipulação. Elas são apenas meias-verdades... o que a fotografia não disse foi: o que é que você faria se fosse o general naquela altura e lugar, naquele dia quente, e apanhasse o dito mauzão depois dele matar um, dois ou três americanos?"
Eddie Adams
Para o desafio de Março da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Fotografia"


*Citação de Boake Carter


Nine Inch Nails - The Great Below

21/12/2011

Across the Universe



Acordou com um bem estar inexplicável e algumas considerações avulsas sobre o tempo, esse rolo compressor que nos esmaga docemente. Depois sentiu um odor de antigamente, uma mistura de cheiros das brincadeiras, locais e pessoas da sua infância que se enleava com a memória de alguns acontecimentos perfeitamente casuais, como daquela vez em que caíra da bicicleta. Perseguiu essa mistura odorífica até à rua, sorrindo enquanto se preparava, com a imagem da bicicleta vermelha e a cicatriz que ainda o acompanhava, como se algo familiar o esperasse lá fora, mas nada apareceu. Apenas trapaças do seu cérebro. Por fim olhou o céu. Viu nos traços de condensação deixados pelos aviões as possibilidades que sempre o animavam, inspirou profundamente e sorriu. 

(João Freire)

Fiona Apple - Across the Universe

30/08/2011

Fujam... cá para dentro.

Toda a gente gosta de ver fotografias das férias das outras pessoas. Toda a gente! Ou não...

Uma cabra.


Um jardim.


Uma tentativa de suicídio com mortal encarpado à retaguarda


A foto da praxe!


Um calhau.


Dois calhaus.


Calhaus organizados de forma a impressionar uma mulher.


... um calhau voador, vá.


Um buraco de onde extraem calhaus.


Uma paragem para descansar e uma vaca.


Sumo de lima... ou algo com lima.


Uma estrada ladeada de flores.


Um cão a guardar uma praça.


Montras em Braga... ou Barga.


Uma nuvem esquisita.


Um pterodáctilo.


Mais calhaus.


Água fria.


Um calhau congelado... e com dor de cabeça.


Uma cadela a sacudir a água.


Casal romântico em plena observação de baleias ao largo dos Açores.


Amigos... mais ou menos.


Um chapéu.



The Naked And Famous - Young Blood 


Para o desafio de Agosto da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Fugir".

P.S. - Convém dizer que o mérito das fotos é repartido por Bruno Carvalho (Deco), Luis Filipe (Hulk), Ricardo Dias (Ricardinho) e Inês Vilela, sem alcunha, porque as gajas nunca têm.

23/07/2011

Steet Art no Fundão





Porque nem todos são vândalos.

22/10/2010

No meio da estrada também está bem


- Então - disse abruptamente, levantando os braços em desalento, enquanto a senhora saía do carro vermelho.
- Quer pôr o carro ali?
- Sim, quero.
- Eu chego à frente.

E chegou. Chegou dois metros à frente. Ficou óptimo. O espaço vazio à direita é um lugar de estacionamento, aquele espaço vazio lá à frente entre dois carros também é um lugar de estacionamento, até há uma ilha de estacionamento do lado esquerdo (vê-se o cantinho) com muitos lugares vagos, mas o meio da estrada também é uma boa opção. Ficou óptimo! Óptimo! Quase não estorva nada e eu (esta roda aqui no canto inferior) até consegui estacionar onde queria.

O problema não são os políticos, nem os ricos, pois esses são amostras do país. Há os bons, há os maus e há os assim, assim.
O problema disto tudo é... (link)

(João Freire)

11/10/2010

Mil palavras que não valem uma imagem

Kevin Carter, New York Times
Numa viagem pelo Sudão, Kevin Carter ouve o ténue choramingar de uma criança. Aproximando-se, descobre uma menina sudanesa muito fragilizada que havia parado para descansar enquanto tentava chegar a um centro de alimentação. Perto dela, um abutre aterrara, quase como se também ele estivesse intrigado com aquele som. Carter, um conhecido e premiado fotógrafo, activista na luta contra o Apartheid, vê a oportunidade para tirar uma foto que retratava perfeitamente a situação da África daquele tempo. A foto tinha tudo para ser um cartaz e um símbolo da guerra e das suas consequências nos países africanos, mas Carter achou que a foto ficaria melhor se o abutre abrisse as assas. Carter esperou - disse depois que esperou vinte minutos -, mas o abutre não abriu as asas e tirou a fotografia assim, enxotando depois o abutre.
Não se sabe o que aconteceu à criança. O jornal a quem Carter vendeu a fotografia garante que a criança demonstrava ter forças para se afastar, mas que desconheciam o que tinha acontecido à criança. Mas sabe-se o que aconteceu a Carter - que ganhou um prémio Pulitzer com esta foto. No final, profundamente deprimido com acontecimentos da sua vida e também pelo que se passava em África, acontecimentos que culminaram no desaparecimento de Ken Oosterbroek, um colega seu que fora alvejado fatalmente quando cobria as primeiras eleições após Apartheid, Carter viria a pôr fim à sua vida em 27 de Julho de 1994. Tudo se terá passado num local onde costumava brincar nos seus tempos de criança, ligando uma mangueira do tubo de escape ao interior da sua carrinha, morrendo de envenenamento por monóxido de Carbono, deixando uma carta de despedida com este excerto:
“Estou deprimido… Sem telefone… Sem dinheiro para a renda... Sem dinheiro para ajudar as crianças… Sem dinheiro para as dívidas… Dinheiro!!!... Sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor… Pelas crianças feridas ou famintas… Pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policias, carrascos… Se eu tiver sorte, vou juntar-me ao Ken...”
Claro que nestas coisas há sempre desacordos, incongruências e versões diferentes, há até uma versão de um colega de Carter, um fotógrafo nascido em Lisboa de nome João Silva, que diz que os pais da criança estavam por perto e que Carter não terá esperado tanto tempo como disse, pois quando Carter se aproximou o abutre fugiu, tendo tirado apenas algumas fotos. Porque teria Carter contado uma versão mais dramática, mas que o deixava mal-visto? Mesmo que a criança estivesse em sofrimento, valeria esse sofrimento por todo o reconhecimento que a fotografia trouxe à situação sudanesa em particular e de todo um continente assombrado pela guerra, fome e ódio racial? Carter terá cometido suicídio por não ter ajudado a criança? O que se passou com a criança? Outras mil palavras que as imagens nunca dirão.


(João Freire)

Reaproveitado para o desafio de Março da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Fotografia" 

21/02/2010



Fotografias tiradas por João Freire e Márcia Esteves

06/11/2009

Chuva

É favor clicar na imagem... ou aqui.





P.S. - A foto foi tirada enquanto conduzia, algures no caminho entre Braga e Fundão, o vídeo foi visto pela primeira vez aqui. Mas a versão completa pode ser vista aqui. É mais um daqueles vídeos que mostra o potencial da voz humana, como aquele vídeo da publicidade a um carro.

18/09/2009

Simpson Sky

Às vezes (por muito abichanado que isso possa parecer) olho para o céu e penso que as nuvens se assemelham àquelas que aparecem no genérico dos Simpsons. Nessas alturas fico contente e assumo que as minhas ideias são o máximo da originalidade, enquanto pronuncio as palavras Simpson Sky, porque acho que soa bem. Não é o céu dos Simpson, mas o céu Simpson, como se também ele fosse uma personagem indissociável da família na série animada. Claro que as minhas ideias não são originais! E basta procurar no google para ver que não são. Ainda assim.


nota: Já vi melhores e mais parecidas, mas na altura em que as vi não tive presença de espírito ou equipamento necessário para segurar a imagem. Fica para a próxima

29/04/2007

Tempo

às vezes são os cheiros...e a música...
as fotografias, slides e vídeos caseiros.
cassetes áudio com as primeiras palavras...
a roupa.
aquelas folhas secas, que antes eram de outra cor, no meio de páginas de livros, cadernos e álbuns.
os jornais e revistas.
.
e as minhas mãos aparecem ao mudar a página.
dou por mim em frente ao espelho.
agora apagam-se as bicicletas.
apagam-se as tardes que eram mais longas.
apagam-se primos e amigos.
apagam-se os irmãos e os pais.
apagam-se cheiros, músicas...TUDO!
à excepção do reflexo à minha frente.
imóvel, gasto e que continua a mudar...



lúcia freire