10/04/2008

Sobre ajudar

Sobre ajudar, lembro-me de muito pouco. Acho que em toda a minha vida não terei contribuído muito mais do que o menos possível, mas lembro-me de duas vezes em que ajudei e não me senti muito bem com isso. Foram as únicas vezes que isso aconteceu. Numa, com a ABRAÇO, comprei uma fitinha que custava um euro, pagando com uma nota de cinco euros. Quando a senhora disse que não tinha troco – e como estava acompanhado de uma rapariga –, disse, orgulhoso, que podia ficar com o troco. Claro que não fiquei satisfeito porque a minha contribuição fora afectada pelo sentimento de vaidade perante a rapariga e não pela causa em si. Na outra vez que não fiquei satisfeito, embora de forma mais egoísta, porque acho que não me foi dado o devido valor pela acção que tive, foi quando comprei uns calendários a uns miúdos, que eles próprios tinham feito, mas que eu recusei, justificando essa recusa com a possibilidade de tornarem a vender o calendário, angariando assim mais dinheiro. Mas a cara do miúdo não foi de gratidão, antes de desprezo, como se achasse que eu não tivesse dado valor ao desenho. E o pior foi quando ele chamou a professora, dizendo-lhe que eu não queria o desenho e ela me deu o mesmo olhar do miúdo. Fica porém a certeza de que agi bem.
De todas as outras vezes que ajudei, ficou apenas o sentimento de orgulho que nos enche por dentro.

Portanto, o que custa ajudar? É certo que o típico português desconfiará sempre do destino das contribuições e toda a gente já viu ou ouviu uma história sobre um armazém cheio de comida e roupas que se estragaram sem que ninguém as tivesse recebido e, claro que haverá até muita gente a enriquecer à custa dessas mesmas contribuições. Mas basta uma simples procura na Internet e uma pesquisa mais ou menos criteriosa para sabermos a quem dar, ficando descansados sobre o destino dessa ajuda.

Pouco ou muito não importa, importa sim ajudar e passar a palavra para que os outros ajudem.

Hoje, como ainda não tinha praticado a boa acção do dia e vi este site, da Associação Encontrar+se, que até tem umas músiquinhas engraçadas e centra a sua actividade na reabilitação psicossocial das pessoas com doença mental grave, achei que, no mínimo, já que lhes roubei as músicas, devia ajudar a divulgar a sua mensagem.




É claro que também gosto de ajudar a assistência médica internacional, a AMI, não só porque é portuguesa, mas sobretudo porque sou fã da humanidade, siceridade, coragem e honestidade do seu presidente, Dr. Fernando Nobre, mas também acho que se pode contribuir de uma forma mais local, ajudando os hospitais com a oferta de livros, DVD ou jogos que já não usam, ou os bombeiros que precisam de roupas e cobertores para prestarem a assistência que deles esperamos ou ainda o canil municipal, se forem mais virados para os animais de quatro patas, mas procurem... às vezes basta um gesto.

Informem-se e ajudem.