Imagino o dia em que esteja ao teu lado, apertando-te a mão com a força do nosso amor, e um rebento desse mesmo amor surja, na forma de um ruidoso e chorão bebé, que nos espantará com a sua beleza, entorpecendo-nos a alma, a vontade própria e tudo o resto que deixa de fazer sentido para além dele. Imagino também o que sentiremos, aquilo que perdurará para além do choro de felicidade que te ilumina a cara, e como tudo ficará depois disso. A beleza inexcedível do nosso filho, o futuro promissor, a perfeição em potência… Apenas podemos desejar pelo melhor. Há quem diga que a partir na nascença é sempre a descer, que tudo vai descambando lentamente na normalidade da vida, mas não quero acreditar nisso. Por enquanto há esperança e correu tudo bem, saiu perfeitinho e a contagem dos dedos é apenas uma confirmação tonta dessa mesma normalidade. Mas como seria se não fosse assim, se não fosse perfeitinho e tivesse, por exemplo, uma grave doença mental? Ou como seria se tivéssemos descoberto nos três ou quatro meses de gestação que iria ser uma criança com uma deficiência física incapacitante? Que decisões teríamos tomado? Sempre pensei que não conseguiria lidar com esse tipo de situações, que sofreria irremediavelmente se descobrisse que o meu filho necessitaria de acompanhamento especial, mas não posso dizer muito sobre isso... ninguém pode e apenas podemos esperar que tudo corra bem connosco, ao menos connosco.
Segundo um artigo da Newsweek o custo dos tratamentos e cuidados de uma pessoa que sofra de autismo ao longo da sua vida ronda os 2 milhões de euros.
(João Freire)
Ingenuidade
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Não são só as crianças que são ingénuas.
Há um dia que perdemos essa qualidade (ou defeito).
Ninguém nos ensina a viver mas, a vida ensina-nos que, as ...
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