- Queres?
- Não sei, parece-me estranho. E como começamos?
- Podemos começar assim, como tu gostavas, eu a fazer-te massagens aqui no pescoço, tu a rodares a cabeça com os olhos fechados, o cabelo para trás, para o outro lado e depois um beijo onde acaba o pescoço e começa o ombro, mesmo aqui, e tu a engolires em seco. Sempre gostaste disto, não é? Mas tu calas-te, não dizes nada e continuas a saborear, experimentando um ligeiro arrepio..
Pensa no bom que tudo isto pode ser.
Deixa a tua mente deambular.
Sussuro-te ao ouvido que andava a pensar nisto há algum tempo, que andava a pensar nisto desde que estivemos juntos e tu trazias aquela saia curta, que deixava ver a costura das meias quando te sentavas.
Pensa nisso, tenta lembrar-te. Deixa a tua mente deambular.
Agarro os teus braços e empurro-te para o canto, posso até pegar em ti e pôr-te em cima daquela mesa ali, assim, ao mesmo tempo que te digo novamente para te libertares e deixares ir, depois dispo-te com violência, tentando não rasgar a camisola que seguras, sentido o teu coração a palpitar, o coração que eu sinto a palpitar, desviando-te a mão que tapa um dos teus seios e a camisola, o mesmo coração que me diz que desejas o que está a acontecer, mas que tens dúvidas.
Liberta-te de ti!
E tu deixas-te ir. Afinal queres, o desejo fala mais alto. Os teus mamilos endurecem e finalmente abres os olhos, pensas que estás pronta para te entregares e puxas-me para ti, eu afasto-te, desta vez não deixo que controles. Afasto as tuas pernas e aproximo o teu corpo para mim, depois despimo-nos, mas apenas o suficiente para nos sentirmos melhor, mais próximos, e ambos saboreamos o momento em que finalmente conseguimos estar juntos sem o constrangimento daquilo que nos entorpece, sem a dificuldade de pensarmos em nós. Neste momento somos apenas e só amantes. Sinto que estás pronta e abraço-te como se quisesse sentir-te por dentro, conhecer-te ao máximo através do sexo. Aperto a tua barriga, o teu rabo, quero sentir-me bem mais fundo, bem mais dentro de ti. O teu corpo diz-me que me aceitas, que estás pronta para sentir o que querias sentir aqui e agora, sem pensar no que há-de vir, sem consequências, constrangimentos ou compromissos. E o melhor de tudo isto, o tu ouvires o que te digo enquanto está a acontecer, o tu gostares de ouvir, é o desfrutar e sentir ao máximo este momento que é agora e que aconteceu.
(João Freire)
Marvin Gaye - Let's get it on
Recordado para o tema "Paixão" num desafio da "Fábrica de Letras"
06/04/2008
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23 comentários:
Gosto do texto. Tem uma mistura estranha.. tentas fundir sentimentos com a carne. Não gosto da escolha de algumas palavras.. acho-as cruas demais mas ao mesmo tempo, com isso, quase consegues separar o corpo e o desejo sexual da alma e carência e do afecto.
Querias mostrar uma separação que me pareces incapaz de fazer.
;)
Voltei.
E não é que és capaz de ter toda a razão?
Tens jeito para essas análises da grafologia e da psicologia da escrita...
not!!!! (lembrei-me do Borat a explicar as piadas "not")
Bem-vinda (novamente). Espero que desta vez permaneças na blogosfera durante mais tempo... e seguido. Os teus leitores e aqueles que são lidos por ti devem estar cheios de saudades.
;p
Epá...
Ginger, é assim...
Intenso, cheio de inspiração!Bela participação!abraços,chica
Obrigado, Chica.
Mui Potente!
Parece-me que te esqueceste de dizer que estavas apaixonado.
Isto é só sexo, oh jooooooooohnny!
No auge da paixão sem dúvida...muito caliente.
Contudo não gostei muito da escolha musical... demasiado banal para uma leitura que estava a apreciar tanto.
Tive mesmo de parar logo o som para continuar a gozar o texto...
Pues claro que si, Matador.
Não necessariamente, Mz, isso levar-nos-ia para uma discussão mais alargada, uma discussão que envolveria o que cada um de nós acha, mas para mim é perfeitamente plausível que haja paixão só no aspecto físico da coisa.
Su, exactamente, no auge da paixão. Quanto à escolha musical, claro que era banal, também para fazer essa ponte entre o acto apenas como acto, sem a envolvência romântica... era mais uma piada do que uma escolha pessoal para um acto semelhante.
uiiiii Jóni, very caliente indeed!
Assim é que é, chamar os bichos plos nomes, isto é paixão! E a voz do Marvin Gaye é só mais um condimento.
Gostei imenso, o teu texto é lindíssimo. Não falar de amor, não significa não estar apaixonado, mas ali tratava-se de outra face, física, da paixão.
Bjs
Mel, agora que falaste em bichos lembrei-me do Festim Nú (Naked Lunch) do kronemberg.... isso é que era animalesco e caliente... ainda que caliente num aspecto nojento. Obrigado por veres esses condimentos todos no texto.
Teresa, exactamente. é uma vertente, não a única, mas uma vertente ou perspectiva da paixão.
Paixão pura e dura! Bela descrição! É aquele momento e com aquela pessoa! O desejo carnal é uma paixão! Sem dúvida! Brutal! Mais explícito seria erótico, assim é apaixonante!
Lala, eu queria roçar :) o erótico. Mas apaixonante também me parece bem.
vá e roçaste... eu até posso reformular:
"mais explícito seria obsceno, assim é eroticamente apaixonante!"
'Tá melhor?? :)
Não era uma crítica, era uma piada. Claro que estava bem como estava... estava muito bem, até.
... Mas assim também não está mal :)
De ficar com os pêlos eriçados... a visualização do que aqui escreveste... ui, ui!!!
palavras loucas, os gatos costumam ficar assim quando se zangam... espero que não tenha sido o caso :)
(mas o "ui, ui" já dá outra imagem)
A paixão é uma chama que arde mesmo sem calor. Muitas vezes o amor extingue essa chama, mas na maior parte das vezes, é o que a mantém acessa mesmo sem darmos por isso.
Gostei muito.
Bj :)
Helga, às vezes, desde que por acordo mútuo, sabe bem a paixão pela paixão. Acho que aqui era mais isso...
Obrigado.
Este texto aquece os sentidos :)
Obrigado, Mag. Os elogios também aquecem muito :)
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