09/03/2008

Sempre o mesmo

Tento libertar-me da consciência que és tu e inaugurar uma imagem de mim,
pedra lisa, na qual o musgo não pega;
algo que emana e não absorve.
Um amigo recordava-me que ninguém se despe assim de alguém,
“camisola velha, difícil de tirar”,
não só por ser velha, mas também por se gostar… e nu ninguém fica!
Esqueço-me de perguntas que não consigo responder,
perguntas que nem consigo formular.
Liberto-me mas fico preso…
Esqueço-me mas recordo…
E sou hoje o mesmo que fui ontem.

(João Freire, Setembro de 2000)