29/10/2008

Amor totó

É um amor irracional, um amor cheio de “mas” e “ses”, um amor unilateral e ascendente, é um amor de seguidor e crente religioso, um amor de fã, um amor sicofanta e incontestável, é um amor de língua de fora e rabo a abanar, é um amor de corno que aceita tudo, um amor que subsiste para além da morte cerebral, é um amor ligado às máquinas, é um amor burro, inocente e ingénuo, um amor de cantorias, assobios e piruetas, um amor chato, palerma, tonto… um amor ‘parvinho alegre’! É um amor de palmadas no rabo e orelhas e lábios trincados, um amor de sussurros, de diminutivos, de flores colhidas no campo e beijos atirados ao ar, um amor descomprometido e desinteressado que não diz muito sobre aquele que ama, mas muito mais sobre aquele que é amado. É um amor de totó.

(João Freire)

9 comentários:

ipsis verbis disse...

Bonita expressão.

Anónimo disse...

Mas o problema, pela descrição que fizeste, é que somos todos...totós!

Johnny disse...

Obrigado Ipsis!

Quanto ao CCCP... tens dúvidas que quando amamos somos mesmo totós? Eu tenho poucas dúvidas disso, pelo menos falando por mim, e, da mesma forma, quase nunca considero essa totice como um problema, ou melhor, é um problema, mas um que se aceita pelo que se tem em troca.

Por entre o luar disse...

Amar é mesmo ser tótó...

*

Johnny disse...

Mas há diferentes graus de totice... convém não abusar.

"Deus manda ser bom, não manda ser estúpido"

Por entre o luar disse...

Sim também é verdade, mas é preciso ser muito tótó para se aprender a não ser estúpido...!!!

Johnny disse...

Isso já não sei.

Anónimo disse...

Totós ou não, há séculos que as nossa figuras são sempre iguais perante o dito "amor". Agora há aqueles que se fazem passar por totós mas que depois tiram os seus devidos dividendos do mesmo "amor", por isso concordo que o totó é muito relativo.

Johnny disse...

Concordo com a relatividade da totice, aliás, quando alguém utiliza esse argumento, inviabiliza qualquer desacordo, mas a tua relatividade é diferente da minha: a tua é uma maquiavélica, que se utiliza com fins previstos pelo totó, a minha é outra, é uma relatividade assente na totice aceitável, de puro amor, e na totice de coitadinho que deixa fazer tudo. Ambas reflectem amor, a segunda até reflectirá um amor maior, mas é um amor de quem não sabe mais, é um amor de pobrezinho... é um amor condenável que não é saudável e que só existe por falta de experiência de amor.

(Nem sei se eu percebi o que acabei de escrever. É o que dá responder a comentários no fim do dia, depois de mais uma série de minis)