31/10/2008

Justificações

"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam"

(Provérbio árabe)

30/10/2008

Hospedeira de Bordo



Este post é dedicado a um Comissário de Bordo da Emirates que também se farta de saltitar, tocar no carrinho e correr para a galley... "so busy!" AHAHAHA.




Honeyroot - Nobody Loves You (The Way I Do)




Spasiba Roman.

29/10/2008

Amor totó

É um amor irracional, um amor cheio de “mas” e “ses”, um amor unilateral e ascendente, é um amor de seguidor e crente religioso, um amor de fã, um amor sicofanta e incontestável, é um amor de língua de fora e rabo a abanar, é um amor de corno que aceita tudo, um amor que subsiste para além da morte cerebral, é um amor ligado às máquinas, é um amor burro, inocente e ingénuo, um amor de cantorias, assobios e piruetas, um amor chato, palerma, tonto… um amor ‘parvinho alegre’! É um amor de palmadas no rabo e orelhas e lábios trincados, um amor de sussurros, de diminutivos, de flores colhidas no campo e beijos atirados ao ar, um amor descomprometido e desinteressado que não diz muito sobre aquele que ama, mas muito mais sobre aquele que é amado. É um amor de totó.

(João Freire)

...

gosto de ouvi-la dizer: "When i´m throwing punches in the air"

27/10/2008

Quase

"Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente. Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bébé até nascermos. Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voila! Acaba como um orgasmo! I rest my case."

Woody Allen

Acho que foi a coisa mais interessante que este gajo disse um dia. Mas, não está perfeita. E neste caso, neste caso Woddy, não me devias ter feito a desfeita, de me voltares a tentar enganar com as tuas merdas a atirar para o filosófico que à primeira vista até parecem verdades inquestionáveis. Então quando dizes, "Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voila!", certamente SÓ pensaste no tamanho do bebé, depois feto e a seguir embrião e células, mas o que também deverias ter questionado e que acaba por igualmente ficar mais pequeno é o útero da mamã, ao qual tu chamas de "quarto/spa". Logo, o quarto não fica maior porque o espaço é "ajustado" proporcionalmente ao tamanho do feto. O quarto, é assim do mesmo tamanho para ele, desde bebé a óvulo, e toda esta frase, e infelizmente, todo este texto perde um pouco porque tu és, invariavelmente demasiado sexista.

26/10/2008

Tempo

"Era do Avô [o relógio] e, ao dar-mo, meu pai disse: – Quentin, dou-te o mausoléu de toda a esperança e de todo o desejo. É mais do que penosamente provável que o uses para obter o 'reductio absurdum' de toda a experiência humana, e que descubras que as tuas necessidades individuais não serão mais satisfeitas do que foram as suas ou as do seu pai. Dou-to não para que te lembres do tempo, mas para que o possas esquecer de vez em quando por momentos, e para evitar que gastes o fôlego a tentar conquistá-lo. Porque as batalhas nunca se ganham. Nem sequer são travadas. O campo de batalha só revela ao homem a sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão de filósofos e loucos."


in O som e a fúria, de William Faulkner

25/10/2008

Rob D. - Clubbed to Death



(Faz parte da O.S.T do filme The Matrix, dei-lhe alguma atenção, só quando a ouvi
aqui, mas depois de ver este vídeoclip, com o Rob, que corre sabe-se lá para que braços, sabe-se lá porque motivo e que é tão meio ukra, tão meio irish, tão maxilares delineados e olhar carregado... É. Acho que vou passar a ver e ouvi-la mais por aqui. Pena não estar completa e ser só um edit com menos 4 minutos de correria subversiva. :D)

E quando não sabemos mesmo, mesmo, mesmo em quem votar?

24/10/2008

Auto da Humidade

À Farsa seguinte chamam Auto da Humidade. Foi fundada sobre várias mulheres, que trabalhando no mesmo local, tudo as incomoda, principalmente o contacto entre elas. Foi feita em Lisboa e não será representada. Era de 2008 anos.

Entram nela estas figuras:

Luísa - A bipolar
Mónica - A querida
Té - A vizinha
Sónia - A miúda
Dina - A filha
Deolinda - A inchada
Helena - A bimba
Magda - A síndroma de tourette
Carmen - A sensata
Cátia - A adolescente
Antónia - A anã muda
Elisa - A desonesta
Lurdes - A justa

Parque de estacionamento da Empresa Humidade. Manhã.

Todas com excepção da Antónia - Bom dia!
Antónia acena com a sua mãozinha.
Sónia - Opá... os meus pais descobriram que fumo e querem levar-me à igreja para ser benzida!
Luísa - A sério? Mas porquê?
Sónia - Porque enquanto viver com eles, tenho que seguir as suas regras. Senão põem-me fora de casa. E eu tenho 18 anos. Não posso ir viver com o meu namorado.
Cátia - A minha mãe não me diz nada a esse respeito. É claro que se importa com isso, mas se sou eu que compro o meu tabaco e se sou eu que o fumo, desde que não fume ao pé dela e em casa, é na boa.
Sónia - Pois. Mas os meus pais são uma seca. Têm uma mente que parou de se desenvolver há 1500 anos.
Todas com excepção da Antónia - Ahahaha
Antónia sorri.
Luísa - Meninas, então! Trabalhar, trabalhar!

Elisa está na Sala dos Favos de Mel com Lurdes.

Elisa - Estou tão cansada. Estou de directa. Ontem fui a um concerto de hard-rock e cheguei a casa por volta das 6h. E dói-me a cabeça...
Lurdes - Ena! (mantém-se ocupada com o favo de mel, que desloca de um lado para o outro para ver a consistência do pólen)
Elisa - Não gosto nada como a Helena deixou a sala dos Favos.
Lurdes - Nem eu. (etiquetando com o seu nome a colecção de favos manuseados por ela)
Elisa - Está tudo sujo de mel, as ventoinhas estavam desligadas, as luvas usadas foram deixadas em cima das bancadas e as persianas que comprou não deixam entrar luz nenhuma. Deveria ter aberto as janelas quando saiu... estou tão cansada...
Lurdes - A Helena é uma bimba que não sabe mais. Estas bancadas que comprou no Ikea são tudo menos práticas. Sempre que cá vem, deixa isto feito em merda.

Toca o telefone. E Elisa que tinha ainda as mãos desocupadas, atende-o, soltando um "Ai" antes de levantar o auscultador.

Na secção de compotas e outros doces, Cátia e Té ajudam-se mutuamente.

Té - Esta compota com cerejas da Cova da Beira, está a vender bem. Hoje já telefonaram 1500 vezes para encomendar mais.
Cátia - Ya! Também eu falei com 1200 compradores novos. Passas-me o tabuleiro?
Té - Toma.
Cátia - Obrigada.

Mónica - Bom dia meninas!
Té e Cátia - Bom dia.
Mónica - Já atenderam muitos telefonemas?
Cátia - Telefonemas e visitas. Muitas vendas vamos fazer hoje.
Mónica - Que bom! Assim é que é!

Na recepção.

Carmen, Antónia, Dina e Magda, arrumam o escritório e o balcão de atendimento ao público.

Dina - Hoje a minha mãe vai passar por cá para levar uns doces.
Carmen - Ai sim? Que bom... amanhã vais tomar um pequeno-almoço de luxo.
Dina - Sim.
Carmen - São uma delícia.

Magda entretida com os mails de clientes, solta um "Porra"

Carmen - Então rapariga?!
Magda - Foda-se! Esta merda está lenta! Porra.
Luísa, que entretanto entrou - Ó menina Magda, tens que ter mais tento na língua. Nunca se sabe quando algum cliente pode entrar. Controla-te. Eheheh..
Magda - Sim. Desculpa.
Antónia sorri.

Mónica e Luisa encontram-se no escritório. Falam de Deolinda.
Luísa - Mas ó Mónica, a Deolinda está de baixa porque foi picada por 250 abelhas. Ainda por cima é alérgica à penicilina. Temos que esperar que ela recupere. Bem sei que ela aqui é a nossa Faz-tudo...
Mónica - Precisamos de contratar mais pessoal qualificado. E comprar mais fatos.
Luísa - Também acho. Mas os chefes preferem que aguardemos mais uma ou duas semanas.
Mónica - Mas eu tenho as miúdas todas ocupadas. Não lhes posso pedir mais horas e está a chegar o Natal. Tu sabes que nesta altura toda a gente se lembra dos doces.
Luísa - Ordens superiores minha cara. Não podemos fazer nada. Mas os fatos e máscaras para a sala dos favos de mel têm que ser comprados. E luvas também.
Mónica - Sim.
Luisa - Pois... não sei...
Mónica - Hum?
Luísa - Que foi?

Entretanto numa das casas-de-banho da Empresa.

Sónia - Fofinho? Olha vou sair um pouco mais tarde porque chegaram imensas paletes do Fundão e só hoje temos que conseguir 1500 compotas de framboesas.
Não me posso demorar porque as chefes podem descobrir que estou a telefonar-te daqui. Beijinhus.

Sala dos favos de mel.

Elisa - Fiz agora um comprador de mel na Holanda. O gajo diz que tem uma empresa de catering e que precisa de mel todos os meses.
Lurdes - Que bom...
Elisa - Enquanto estás aí a virar os favos, vou contar à Mónica e à Luísa. Elas vão-se passar.
Lurdes - Eheh... erm... Olha, traz-me umas luvas novas do laboratório se faz favor. Já não há nenhumas aqui.
Elisa - Está bem.

Epílogo:

Dina, Té e Cátia são excelentes vendedoras e são premiadas com o dobro do salário. Continuam na empresa durante as férias de verão.
Luísa e Mónica mantêm Deolinda na empresa apesar desta estar de baixa há quase 1 ano.
Magda tenta uma cura ao síndroma de Tourette nas Caldas da Rainha, durante duas semanas, mas depois de tantas piadas sobre os caralhos de loiça, tanto ela como o marido Rolando, pensam em emigrar para a Suíça e fazer muitos filhos loiros de olhos azuis.
Carmen sobe de posto e agora é encarregada do Laboratório. Nenhum doce, compota ou frasco de mel, sai da empresa sem antes levar o carimbo de qualidade, carimbado por ela.
Sónia sai de casa dos pais porque não quer ser benzida. Mora em Carcavelos com o namorado surfista num loft virado para a praia. Faz 19 anos em Agosto e pensa escrever um livro sobre as suas memórias.
Dina é contratada a full-time e consegue descobrir uma abelha num frasco de mel, só pelo cheiro.
Helena deixa de poder utilizar a sala dos favos de mel sem os Controladores. Um para utensílios Kitsch de fraco poder prático, outro para Higiene e Segurança no Trabalho.
Antónia solta um "Doem-me os braços do peso das paletes" e deixa de ser muda.
Elisa nunca chegou a trazer as luvas para Lurdes e é apanhada por esta a colar por cima dos seus favos etiquetados, o seu nome. Trabalha agora na sala dos favos sozinha e imagina como teria sido tudo melhor se não tivesse enganado a colega.
Lurdes obtém o título de empregada do mês. Recebe das chefes o pin "Melhor Manipuladora
de Favos" e já reúne com os seus clientes no escritório. Tem livre trânsito no Laboratório.
Deolinda fica de baixa por mais 5 anos. Mesmo depois de todos os inchaços passarem, continua a achar-se um enorme Ferrero Rocher. Mantém a mesma medicação por mais um ano e pensa fazer uma viagem espiritual ao Tibete. Vomita sempre que lhe falam em mel.

FIM

(Lúcia Freire)

My Name Is Earl ou como um bigode torna tudo tão mais engraçado

passa todos os dias (de Segunda a Sexta), por volta das 8 e 30 na RTP2. É uma das melhores séries da televisão, que conta com um dos melhores elencos de sempre, nomeadamente a Jaime Pressly, que, por tudo, mas principalmente pela personagem que faz,´está espectacular.

P.S. - Para quem estiver interessado, qualquer uma das séries em DVD ou as séries todas serviria como uma boa prenda de Natal ou aniversário... ou então da série "Mentes Criminosas". Tanto faz. Não sou esquisito nem exigente.

23/10/2008

Saliva no umbigo

Foi ela que telefonou. Quero que fique bem claro este ponto. Não fui eu que a convidei para jantar, nem fui eu que falei na serra da estrela, de um restaurante e uma cabana, e na costa vicentina. Confesso que pensei em ligar-lhe, dizer-lhe qualquer coisa, mas à primeira vista ela parecia inatingível. No entanto ela ligou (continuam a acontecer-me coisas inacreditáveis no que concerne ao amor. Penso que já tive esta sensação três ou quatro vezes. Não é mau!) e com um telefonema veio um jantar, ou melhor, aquilo que seria um jantar. Na realidade estivemos nas ruínas de um castelo a conhecermo-nos melhor. Ela pediu para me beijar, fizemo-lo e depois continuámos nisso até casa dela. Com o primeiro beijo as primeiras dúvidas, desde logo minhas porque é costume duvidar daquilo que não conheço, e as dela, porque sentia as minhas. Não consigo evitar apaixonar-me pelo que já conheço e não pelo que quero conhecer. Há quem pense que é bom ou mau. Para mim tanto me faz. Pouco tempo depois veio a minha viagem, uma ausência anunciada que começou connosco no carro numa dificuldade enorme para nos despedirmos e largarmos. Ela disse que ia sentir muitas saudades e não mentiu. Sentiu. Por lá recebi a notícia que ela estava com dor de dentes e maus pensamentos - concerteza relacionados - mas que sentia muito a minha falta e que estava aborrecida por eu não lhe responder com a assiduidade pretendida. Teriam passado dois dias. No regresso o fim. Do lado dela as dúvidas que se tornaram um argumento irreversível, do meu as mensagens que ela não recebeu, várias, suficientes para atenuarem a dúvida crescente, mas que nunca foram recebidas sabe-se lá pela graça de que força; as recordações da viagem em forma de um caderno de esboços, um postal e um anel que não foram entregues e as promessas de uma certeza descoberta pela ausência. Apenas ficou o afastamento simples e inócuo, como eu. Só quando perco o que tenho é que lhe sinto a falta.


(João Freire)


Air - All i need



Recordado para o tema "Paixão" num desafio da "Fábrica de Letras"

16/10/2008

15/10/2008

Queria pedir-te para me tirares uma fotografia enquanto olho para ti, pois de certeza que conseguiria retratar o amor

Já não sei o que sinto.
O amor resvala frequentemente na direcção do ódio, aproximando-se perigosamente da indiferença. A compreensão, o compromisso e aceitação e até o afecto entre duas pessoas ficam pelo caminho e nada volta a ser como era. Fica sempre a mágoa e pior do que isso, fica sempre um sentimento latente de reconquista que nenhum quer concretizar mas para o qual ambos contribuem. Há sempre um lado que se sente bem com a imagem de si no outro e que luta por manter essa luz por perto para o animar e aquecer e depois há o outro lado que tem sempre algo a provar, que sente que falhou e que procura manter a face. Ficam as dúvidas que se instalam umas em cima das outras, duvida-se do que se sente e até daquilo que se sentiu quando se falava em amor. Como acontece esta transformação?

O amor é uma inequação, uma desigualdade que só é verdadeira com certos valores das variáveis, mas que ninguém conhece. O amor conterá paixão, amizade, individualidade, compreensão, confiança, luta, vontade, sexualidade e tudo o resto que alguém possa lembrar, mas nunca constituirá uma fórmula fixa com um desenvolvimento objectivo e linear. Eu sempre pensei que nunca me apaixonaria, que sempre iria conhecer primeiro a pessoa e depois enamorar-me por esse conhecimento, mas também já saltei de cabeça para o desconhecido e ninguém poderá dizer-me que uma forma será mais correcta do que a outra. À sua maneira, ambas tiveram sucesso e ambas fracassaram. O amor pode começar de uma forma e acabar logo de seguida ou começar da mesma forma e funcionar pela eternidade. Isto é verdade para o princípio do amor como para o fim. Importa o que fica, o que aprendemos e um recém-descoberto amor por nós próprios, mas perde-se um pouco da magia. De facto, quanto mais falo com pessoas de idade avançada, mais me convenço de que o amor enfabulado, aquele de que são feitas as histórias de princesas e príncipes, se transforma em vários amores pequeninos que se distribuem pelos filhos, pelos netos, pela vida e, claro que também, pelo conjuge, e vai desvanecendo até ficar uma memória daquilo que se fazia quando se amava e não do que se sentia. É um amor, mas um amor diferente. Ninguém duvidará que o amor na velhice não assenta na paixão e na sexualidade como acontece aos 17 anos. Claro que todos queremos a magia e o querer, essa vontade partilhada terá até muito a ver com o sucesso da manutenção de um amor pela vida, mas a desmistificação do amor também fará bem às pessoas, obrigando-as a reflectir nas suas escolhas e a tomar um papel activo na construção do amor. Numa vida de facilidades, alguma luta e trabalho fazem bem. E melhor do que acreditar na magia é tornar todos os momentos mágicos. Acreditar que as coisas podem acontecer sem fazermos por isso é simplista, denegrindo a própria ideia de amor.

O amor é um sentimento superlativo de afecto relacional. Tudo isto e só isto.


(João Freire)

Cat power - Love and communication


Recordado para o tema "Paixão" num desafio da "Fábrica de Letras"

13/10/2008

Teorias da Conspiração

Por causa deste post, lembrei-me deste filme.

É uma excelente produção, com grandes verdades... ou não.

Seth MacFarlane - Cavalcade

Da mente brilhante que criou Family Guy e American Dad, chega-nos isto:







Ver mais aqui

12/10/2008

Finalmente descobri a definição de amor

"O amor é um sentimento superlativo de afecto relacional"

(João Freire)

Caminhos a percorrer

O amor que ele lhe tinha ficou para trás em troca da esperança de se encontrar, pois sabia que as dúvidas que lhe impunha a ele nunca deixaram de ser as suas. No entanto, quase sem querer, sentia-lhe a falta de manhã, da respiração quente antes de acordar, e de noite, antes de adormecer, dos beijos no ombro que agora não a tocavam e das palavras, palavras que só ele lhe dizia depois de a chamar por aquele nome que só ele conhecia, que ela não ouvira mais. O silêncio instalara-se naquela casa que lhe era estranha e com ele o vazio e um desinteresse generalizado. Olhava frequentemente para a porta, procurando a emoção de algo novo ou imaginando que ele entrava com o seu sorriso inocente de quem ama sem pedir nada em troca. Mas nada de novo aparecia para lhe dar um pouco de emoção e ele também não entrava, de facto, até se afastava mais, afastava-se a milhares de quilómetros e ela apenas podia suspirar, tentando não perguntar em voz alta o que é que estava a fazer ali. Tinha saudades de tudo e era frequente encontrar-se a um canto a chorar pela família e pelos amigos, aquelas entidades estranhas que nos lembram do melhor que há em nós. Tantos nomes para tantas pessoas e a recordação de alguém em todos os momentos, desde um objecto que servira de prenda de anos a uma qualquer situação que vivia, e uma tristeza avassaladora. Mas há coisas a fazer - é isso que ela pensa -, tortuosos caminhos a percorrer na busca de um sentido e a resolução de um espírito aventureiro, um espírito maior sem medo de ser feliz, que transforma as lágrimas que escorrem pelo rosto num alimento saboroso à sua vontade de continuar.

(João Freire)

The Sundays - Wild Horses (cover)



Recordado para o tema "Estava vazio.." num desafio da "Fábrica de Letras"

11/10/2008

A maratona nos jogos olímpicos e a marca de sapatilhas

Antes de partirem para a guerra, aquando das primeiras invasões persas, os gregos (na altura, seriam os atenienses) avisaram as famílias e restantes cidadãos que se não recebessem notícias ao fim de certo tempo, deveriam matar os seus filhos e suicidar-se de seguida porque o atraso significaria a vitória dos persas que acorreriam até Atenas para matar toda a gente da forma mai atroz possível. No entanto, como ganharam, mas mais tarde do que seria esperado, escolheram o melhor soldado para correr até Atenas e dar a notícia a toda a gente antes que fosse tarde de mais. A batalha decorreu em Maratona, que ficava a pouco mais de 42 quilómetros de atenas. Quando o soldado chegou a Atenas, terá dito "Nike", que significa vitória, tendo morrido de seguida por exaustão.

09/10/2008

Algo de muito belo, talvez uma das coisas mais belas que vi

Para ver é favor carregar na imagem



Vi isto pela primeira vez (e é um sítio onde encontro muita coisa boa) nos Dias Úteis, de Pedro Ribeiro


Participação no tema "Velhice" da "Fábrica de Letras"

07/10/2008

Se é para fazer, é hoje!

"Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito: um chama-se ontem e o outro amanhã.
Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."

(Dalai Lama)


05/10/2008

7 Artistas ao 10º Mês - Gulbenkian




Estive lá na vernissage. Não houve bebidas nem tampouco pastéis, rissóis ou outro tipo de aperitivos. Houve sim muita gente. Muitos amigos e mais desconhecidos.
Já tinha visto alguns trabalhos do João e do Jorge, mas as obras que foram expostas, não conhecia.
Fiquei deslumbrada com o mega "Coreto" do Jorge. Tudo o que se vê, pode ser mexido. Cada gaveta contém uma surpresa. E uma delas até a revista Playboy guarda.
Com o João, já estava habituada às suas manias obsessivas-compulsivas. Podem ver-se esculturas de objectos que antes foram outros objectos com outras finalidades que não estas que expõe.
E se olharmos atentamente para cada uma, para tentarmos ver falhas e enganos, erros e pormenores deixados ao acaso, é apenas uma tarefa inconsequente.



"Criada em 1997 pelo Centro de Arte Moderna com o propósito de revelar jovens artistas portugueses em início de carreira, numa altura em que escasseavam iniciativas desta natureza, a exposição 7 Artistas ao 10º Mês terá em Outubro a sua 6ª edição. De periodicidade bienal, expôs, ao longo desta primeira década, nomes que hoje são valores afirmados no panorama artístico nacional. A selecção dos artistas é confiada a um comissário a quem é concedida total liberdade para definir o conceito e os critérios de escolha dos artistas de cada exposição. A Newsletter falou
com Filipa Oliveira, a responsável pela edição deste ano, que nos explicou as premissas que estabeleceu para conceber esta exposição que abre portas no dia 3 de Outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian. Uma mostra que promete surpreender.

(...)
Onde os descobriu?
A minha pesquisa desenvolveu-se em várias direcções. Falei com os directores das várias escolas de arte no sentido de conhecer os alunos que se tinham destacado nos últimos cinco anos, consultei os portfolios de candidatos a vários prémios de arte, informei-me também sobre os artistas que obtiveram bolsas de arte nos últimos anos, andei por pequenos espaços pelo país, fora dos circuitos expositivos mais óbvios. No fundo, todo o trabalho de comissariado que tenho desenvolvido nos últimos anos (como, por exemplo, no Prémio Ariane de Rothschild) permitiu-me o contacto com centenas de trabalhos de jovens artistas, servindo para realizar e fundamentar esta selecção. Esta mostra vai permitir dar a conhecer o seu trabalho.

(...)
O João Ferro Martins criou uma série de objectos muito diferentes entre si, que têm a música como fonte inspiradora: um contrabaixo danificado, fotografias de esculturas que realiza com moldes de objectos, como por exemplo de uma flauta partida. A peça central da sua peça é um “concerto” de homenagem a Ligeti em que soam 100 despertadores durante alguns segundos, duas vezes por dia. O efeito é quase ensurdecedor."

"Pianoforte" de João Ferro Martins.



Pormenor de "Pianoforte"
(Nem na página da Gulbenkian dizem as medidas, mas posso dizer que a parte mais alta do "piano", é da minha altura, um pouco mais alto, vá...)




"Por fim, o Jorge Maciel trabalha com objectos deitados no lixo, como móveis, bicicletas ou sapatos, transformando-os em objectos artísticos. Um coreto de tamanho real feito de vários móveis é a peça central da sua instalação. O interior do coreto estará repleto de objectos retirados do lixo e reciclados, animados por mecanismos que os fazem mover de um modo surpreendente."

Um mega "coreto" que mais parecia uma casa.


(Escusado será dizer as medidas desta obra. Uma vez que tudo aqui é em tamanho real)

Pormenor do "Coreto"



http://www.gulbenkian.pt/index.php?section=8&artId=980

(É pena mostrarem só uma foto de cada obra... mas pronto. Se querem ver mais, apareçam até dia 11 de Janeiro de 2009 na Gulbenkian)

Tool - Schism

Schism





Depois de ter visto no blogue Na Aldeia este vídeo, relembrei-me de uma promessa que fizera a mim mesmo: postar a última parte da música "schism" no meu blogue. Cumpro a promessa agora! E ao mesmo tempo que o faço, aproveito também para homenagear os Tool, o baterista, que se chama Danny Carey e a última parte de "Schism", que é para mim o exemplo do melhor que se faz musicalmente em qualquer género. A raiva, a forma como vai crescendo e atinge o climax catártico, a percussão, a voz do Maynard... tudo! Acho que vale a pena ouvir e ver!



Últimos minutos de "Schism"



Resta apenas dizer que roubei este excerto a um melómano, de nome matter311, que se dedica a fazer covers de bateria de algumas bandas.

04/10/2008

Mil Novecentos e Tal, passados 20 anos

Ontem ao ouvir os primeiros acordes de uma música, num blog amigo, lembrei-me de outra que deve ter quase a mesma idade, e que é completamente diferente.
Ouvia isto no princípio dos anos 90. Cantava à janela do meu quarto, em Valverde, virada para o Carvalhal... estava apaixonada.
Hoje, ao ouvi-las, passados quase 20 anos, consigo até sentir o cheiro do perfume que usava então. E é espantoso o que a música traz de volta.
Eu gostava disto e pelos vistos, gosto.
É rumba flamenga e alma de gitano.
(Punha aqui mais do que as 3 que postei...)
Apesar de me ter explicado, (porque este blog não é só meu) continuo a não me importar com o que vão pensar. Eu conheço-me e gosto de mim assim.

Deixo-vos, Gipsy Kings.









(foi esta última que a outra música me fez lembrar)

Curtas da semana

    • O preço do gasóleo

O barril do petróleo anda a tentar baixar dos 90 Dólares. Lembremo-nos que já esteve perto dos 150. Entretanto, o senhor das bombas de gasolina que atestou com 80 litros de gasóleo o carro que eu conduzia, disse que “anteontem [isto foi no dia 4 de Outubro, o que aponta para dia 2 de Outubro de 2008] a Galp tinha subido em 2 cêntimos de Euro o preço do Gasóleo". Razão? Não deve haver. Parece que fazem as coisas de forma a possibilitar o maior lucro, depois vêm à janela a ver o que acontece. Se ninguém se queixa deixam estar, se as pessoas se queixam muito baixam um bocadinho o preço, atenuam a raiva, controlam os danos… e depois vêm à janela novamente. O mercado funciona quando há concorrência e não quando uma empresa detém 80% da distribuição de combustíveis em Portugal. Importa também salientar que nada disto foi noticiado devidamente, havendo até um link para esta notícia na RTP que já não está disponível.

P.S. – Não são aqueles 80 litros que servem de modelo, mas só o fiz porque é o carro da empresa e é (vá lá) necessário. O meu carro, de uso pessoal, já vai para mais de uma semana sem ver gasóleo. Façam o mesmo e melhor e protestem e divulguem e façam barulho!

    • A crise

A crise do sistema financeiro é grave - vai prejudicar muita gente e também muita gente pobre -, mas, a longo prazo, o mal que aconteceria (rotura económica) valeria muito mais do que o bem que agora querem forçar (a sustentabilidade das instituições em crise por intemédio de ajudas estatais financeiras). A crise já causou a descida do preço dos combustíveis, dos carros e das casas. Até agora a crise só me beneficiou. Se os bancos falissem muita gente ficaria sem dinheiro, mas muita gente ficaria sem dívidas. Os bancos estão sem dinheiro mas cheios de carros e casas que roubaram a pessoas a quem facilitaram empréstimos sabendo que essas pessoas nunca poderiam suportá-los. Os Estados de diversos países (nomeadamente os mais ricos) vão ajudar os bancos, porque os bancos mantêm a economia de um país em funcionamento, mas porque é que os bancos e o Estado nunca ajudam as pessoas comuns? Dêem-me uma crise momentânea que acabe de vez com os bancos, sociedades de investimento, companhias de seguros e afins empresas que visam o lucro cego e eu dou-lhes o céu. As grandes empresas dizem que os pequenos negócios apenas morrem por falta de mais-valia e capacidade de concorrência com as grandes superfícies. Dizem eles que o que é bom não morre. Pois bem, eu acredito que as boas empresas também não morrem, principalmente aquelas que baseiam a sua política no serviço do cliente, respeitando o trabalhador, ou seja, outras que não estas. É uma visão simplista do mundo, mas foi a complexificação do mundo que exigiu a existência de bancos e companhia limitada.

    • O programa de televisão
JP Simões é uma daquelas pessoas que não precisa de aprovação. Admiro-o sem precisar de muitas e demoradas justificações. Gosto de o ouvir falar, gosto da música que faz (da maior parte, pelo menos) e gosto de um programa que vi hoje (Sábado*). O programa chama-se “Quilómetro Zero e visa acompanhar a história de algumas bandas pouco conhecidas do país. O apresentador/entrevistador viaja pelo país admitindo ao público as bandas, a sua cidade e a sua história, enquanto estas mostram o seu trabalho em salas locais ou nas próprias salas de ensaio. Pelo que vi, é um programa bom.

*Fica a nota que o programa passa aos Sábados às 19:30 na RTP2


    • Um facto curioso

Um senhor do Fundão, que seguia no seu jipe, foi atropelado por um comboio quando atravessava uma passagem de nível sem guarda. Quantos casos destes acontecem, diariamente, em Portugal? Dezenas! E a mim isto causa-me estranheza, porque parece que há coisas que ninguém quer ver, ou melhor, nem serão coisas que ninguém quer ver, tanto mais coisas que ninguém sabe. Em Portugal há a tradição de apenas descobrirmos que as coisas não funcionam apenas quando precisamos delas. Vemos isso quando ligamos para o 112 a requisitar uma ambulância, vemos isso quando precisamos de ir às finanças por causa do imposto único do automóvel, vemos isso por todo o lado e esta é mais uma situação desse tipo.
Sendo assim, passo a explicar, bastando apenas que fça e responda a uma pergunta prévia: O que é que está escrito nas passagens de nível sem guarda? “Pare, escute e olhe” mas querem eles dizer para sair do carro ou fazer isso dentro do carro? Porque parece-me que apenas a parte do parar é fácil, já que escutar um comboio quando vamos dentro do carro é difícil – embora o consigamos ouvir quando ele está já muito perto – e olhar ainda é mais difícil porque em muitos casos temos de estar em cima da linha para vermos se lá vem algo ou não e, segundo as leis da construção de carros com motor á frente e as próprias leis da física, para eu olhar para o lado já tenho de ter a parte da frente do meu carro enfiada na dita passagem. Não sei. Sempre foi algo que me pareceu estranho e que hoje recordei e partilhei.

    • IMAGO

Por último, importa referir que começou um dos mais importantes festivais de cinema do País, o Imago, que decorre no Fundão entre os dias 4 e 12 de Outubro. Cinema, música (com os facilmente reconhecíveis Badly Drawn Boy), animação cultural... quem sabe aparelhagem sonora do Alfredo Farinha e muito mais. Sem dúvida, a não perder.

(João Freire)

Giro.


Nota: E eu tenho mais que 32 programas no meu pc. Os que não são merda, devem ser os de lavagem.

Idade

"As Oscar Wilde once put it, after twenty-five everyone is the same age..."

(Paul Auster)

03/10/2008

Azul & Rosa

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Gostava de ser mais forte. E conseguir dizer-lhe “gosto de ti”.
Gostava de ter mais tempo. E espaço no meu mundo, para o dela.
Gostava de poder abraçá-la hoje. E amanhã também.
Gostava que gostasse mais de mim. E que viesse ter comigo, agora.




Gostava de ser mais forte. E conseguir dizer-lhe tudo o que sinto.
Gostava que ele tivesse mais tempo. E espaço no seu mundo, para o meu.
Gostava que soubesse que o quero abraçar agora. E sempre.
Gostava de gostar menos dele. E esquecê-lo de vez.


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Pixies - Hey

Alter Ego vs Segurança


Eu e os cartões... Não. Desta vez foi o do trabalho... E afinal até o tinha na mala. Enfiado no meio da tralhunça, mas na mala.

Eu - Bom dia. Olhe hoje não trouxe o cartão...
Alter Ego - Bom dia. Não trouxe o cartão. Posso subir?
Segurança - Bom dia. Não trouxe o cartão?
Eu - Não.
Alter Ego - Ai... Não trouxe, não. Nicles bataticles. E agora? Vou presa é? É???
Segurança - Então, não o trouxe porquê?
Eu - Porque me esqueci dele em casa.
Alter Ego - Vai levar no cu.
Segurança - Então e porque é que se esqueceu?
Eu - Hã? Porque não me lembrei dele...
Alter Ego - Porque em casa serve de base para copos e de manhã, confesso que não penso em levantar cada um para ver qual deles o tem colado ao cu, além disso, como o senhor é um perfeito incompetente, posso esquecer-me dele as vezes que eu quiser, porque sei que me vai deixar entrar mesmo assim.
Segurança - Sabe que tem de trazer sempre o cartão consigo.
Eu - Pois. Mas hoje não trouxe.
Alter Ego - E você a dar-lhe! É claro que sei. Se não fosse preciso trazer a porra do cartão todos os dias, não estaria a perder o meu tempo com um gajo feio como os macacos, a falar disso.
Segurança - Por hoje passa, mas amanhã se não trouxer o cartão, não a posso deixar subir.
Eu- ...
Alter Ego - Uiii! Que medo do sr. segurança com cara de rabo... pó-cará-lho! Se não te lembras da minha cara e já lá vão 3 meses, não é amanhã que te vais lembrar de mim... AH! e já mudavas de after-shave!


-RAIVA EXORCIZADA-



(E não me venham com merdas que o gajo só está a fazer o trabalho dele.)

EURATOM

"A EURATOM ou Comunidade Europeia da Energia Atómica foi um tratado que tinha como objectivo implantar a cooperação no desenvolvimento e utilização da energia nuclear e elevação do nível de vida dos países membros mediante a criação de um mercado comum de equipamentos e materiais nucleares, assim como o estabelecimento de normas básicas de segurança e protecção da população.

O Tratado Euratom estabeleceu uma Comunidade Europeia de Energia Atómica, destinada a criar as condições de desenvolvimento de uma capacidade industrial nuclear, a fim de aumentar a produção energética europeia. Os meios preconizados eram a livre circulação das matérias fósseis, dos equipamentos técnicos e da mão-de-obra e o desenvolvimento em comum da investigação, enquanto uma agência de aprovisionamento deveria regular o abastecimento de minerais e combustíveis nucleares prevendo-se o seu repatriamento em caso de penúria.

A Euratom foi criada no Tratado de Roma."


(at Google)

02/10/2008

Reflexões avulsas sobre a morte e o acto de pensar na morte

A morte é o fim. Para a frente só a morte. Tudo o mais pode vir – e vem –, mas só a inalienável força da destruição é certa. Escutam-se os sinos de um funeral, aquele dão da lão soturno que agitam à frente do cortejo. Por muito felizes que sejamos, a morte é solidão e dor, são contas de cabeça que fazemos com nós mesmos.
No corredor, uma mala de inevitabilidade, no quarto, um corpo quente e depois frio, prova de amor e de fragilidade… sempre no fio da navalha, sempre tão perto do fim. Ninguém viaja: a morte é a estação que começa e acaba, a morte é o fim.
Sabe bem pensar na morte… Hoje soube bem pensar na morte! A morte humaniza-nos.


(João Freire)