19/08/2008

O lado selvagem*

Há uma busca por autenticidade que nos escapa. E escapa-nos porque a própria busca redunda na falta de sentido. A busca do que é genuíno e do que é a nossa essência só tem sentido no valor que lhes atribuímos e na forma como tudo se imprime na nossa vida. Se damos valor a essa procura e se acreditamos que serve algum propósito nobre, como o da mudança ou do melhoramento, vale a pena, mas até que ponto? Se tudo há nossa volta é superficial, de que adianta a procura do profundo? Essa profundidade é uma meta ou uma fuga? Às vezes damos valor às coisas de espírito, ao que é essencial e humano – ao profundo, portanto - por falharmos nas coisas superficiais. Valorizamos a inteligência quando somos feios e quando não somos tentamos atribuir à beleza alguma profundidade na forma de um defeito que desenvolva carácter. Há até alguns que retraem a beleza por forma a sentirem-se melhor com o que são. Chegámos ao absurdo de menosprezarmos a beleza. O belo também há-de ter o seu valor, assim como o superficial. Se formos muito ao fundo não encontramos nada. Se escavarmos muito enterramo-nos ao mesmo tempo. Tudo no seu sítio. Tudo doseado. Viver a vida sem pensar no que os outros acham de nós, preocupados exclusivamente com o que nós achamos de nós próprios, do nosso percurso, será o ideal. Mas talvez sentirmo-nos bem com o que somos seja já um grande avanço.

(João Freire)

*este post inspira-se no filme com o mesmo nome, no qual é retratada uma viagem do tipo intimista à essência do personagem. No fundo, o filme deixa-nos a pensar se a procura e todos os sacrifícios que ele fez valeram a pena. Como é óbvio, só ele, a personagem à volta da qual gira a história - e que é baseada numa pessoa de verdade -, saberá dar a resposta.

Links da
Wikipedia e da IMDB

2 comentários:

Por entre o luar disse...

Achas que vale a pensa dizer que gosto?já sabes que sim..lool

A parte que gostei mais foi a final..

..."Mas talvez sentirmo-nos bem com o que somos seja já um grande avanço."


Penso que isto é o essencial na nossa vida, termos amor própio, e não nos deixarmos influênciar pelo que os outros pensam ou dizem de nós!

Eu por exemplo não me importo quando me criticas, pois gosto de ser como sou=)

E tudo deve ser valorizado, o profundo e o superficial, embora moderadamente, pois cada forma tem o seu valor, eu acho que o profundo tem mais valor, mas isso já depende da maneira de ver de cada um=)

*

Johnny disse...

Obrigado.
Mas gostas mesmo?