27/01/2008

Uma reportagem "cómica" sobre uma chamada para o INEM ou quando a Democracia não funciona



A inexistência de meios e a falta de preparação dos bombeiros voluntários de Favaios e de Alijó provocaram um atraso no salvamento de António Moreira, falecido na madrugada dos acontecimentos, na sequência de uma queda nas escadas de sua casa, em Castedo, Alijó.


No momento dos telefonemas do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) para as duas corporações, de forma a encaminhá-las para o local do acidente, só se encontrava disponível um operacional em cada quartel de bombeiros. Através da conversa mantida entre o CODU e as duas corporações, é possível constatar-se a falta de preparação dos dois bombeiros contactados.

Na primeira tentativa de obter salvamento para António Moreira, a operadora do CODU chega a afirmar, incrédula "Valha-me Deus, estou lixada", referindo-se ao bombeiro que a atendeu em Favaios. Questionado sobre o episódio, o segundo comandante Luís Narciso considera ter existido "um mal-entendido", explicando que se ausentou temporariamente do quartel: "Fui a casa, que fica perto, ver o meu filho, que estava doente, e disse ao colega para me ligar se houvesse alguma comunicação. Ele recebeu a chamada, ficou muito atrapalhado e não me ligou." Ainda assim, alega que "não houve negação, nem falta de meios ou pessoal para socorrer."

Ao perceber que seria mais fácil recorrer aos Bombeiros de Alijó, a operadora fez a ligação, mas apercebeu-se de que também nesta corporação se encontrava uma só pessoa. "Tem de tocar a sirene?! Ó valha-me Deus", comenta, após perguntar ao bombeiro o que faria se deflagrasse um incêndio a meio da noite.

Segundo relatos de vizinhos e familiares da vítima, os bombeiros de Alijó terão chegado 30 minutos após o acidente. No entanto, por falta de conhecimento e de meios não puderam socorrer António Moreira. "Quando recebemos a chamada, pensávamos que era para ajudar Favaios com homens. Na altura não tínhamos. Além disso, a zona é deles", disse o comandante António Fontinha. "Depois do INEM nos explicar, fomos socorrer a vítima. Não podia ser o telefonista a fazê-lo. Não compreendo também porque o CODU esteve oito minutos em conversa com os Bombeiros de Favaios", acrescentou.

3 comentários:

martagarcia disse...

Toda a situação parece surreal... num Portugal que recua no tempo...

ipsis verbis disse...

isto dá-me cá uns nervos! :S

Anónimo disse...

Falta de formação e falta de apoios como devem ser. Para quando bombeiros sapadores profissionais em todas as vilas e cidades? Para quando um investimento a sério nesta área? Parafraseando um ministro que gosta muito de desertos sulistas:"jamais".
Miguel Salvado