Foi por volta do meio-dia de 1 de Fevereiro de 1968 que o General Nguyen Ngoc Loan executou sumariamente um prisioneiro Viet Cong nas ruas de Saigão, durante a Ofensiva de Tet. Quase por acaso, Eddie Adams, um fotógrafo da AP, captou a fotografia que viria a ser uma das mais icónicas da guerra e a perfeita analogia para o desconforto que tal guerra causava entre a opinião pública mundial. (Também há o vídeo, captado por Vo Suu para a NBC).
O que a fotografia e o vídeo mostram à primeira vista é o à vontade do General, um esgar de raiva do soldado que observa no canto esquerdo e o medo patente no rosto do jovem indefeso, com as mãos algemadas, perante uma indiferença generalizada dos que os circundam, num acto de total desumanidade e desrespeito pelos mais básicos valores e direitos humanos. Mas a realidade nunca é bem assim. Não se sabe ao certo o nome da vítima (frequentemente apontada como Nguyem Van Lem), mas, independentemente do seu nome, sabe-se que era um 'oficial' norte-vietnamita, que comandaria uma brigada da morte, que tinha sido apanhado a matar não só oficiais sul-vietnamitas, próximos do general Loan, como as respectivas famílias.
"O general matou o Viet Cong; eu matei o general com a minha câmara. As fotografias são a arma mais poderosa no mundo, as pessoas acreditam nelas, mas as fotografias mentem, mesmo sem manipulação. Elas são apenas meias-verdades... o que a fotografia não disse foi: o que é que você faria se fosse o general naquela altura e lugar, naquele dia quente, e apanhasse o dito mauzão depois dele matar um, dois ou três americanos?"
Eddie Adams
Para o desafio de Março da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Fotografia"
Nine Inch Nails - The Great Below
11 comentários:
Li algures uma frase que dizia "Não acredites em nada do que ouves e apenas em metade do que vês" e que me parece bastante adequada ao que as fotografias nos mostram.
Bom domingo :)
Ouve lá, porque é que esta coisa agora não deixa subscrever os comentários? Tá mal... não gosto...
Mas gosto da banda sonora... gosto muuuuuuito.
Muito bom o "desenvolvimento" que fazes de uma fotografia célebre.
Pronúncia, parece-me ser uma expressão muito sensata. Quanto à subscrição, não sei. Já estive à procura e não consigo mudar... nem fiz nada para que mudasse sequer... por isso não sei. Pronúncia, claro que gostas... tens bom gosto!
João Roque, imagino que cause mais ressonância numa pessoa que viveu a guerra por dentro. eu só posso falar do que penso e sinto.
As fotografias podem mentir... É um facto, acerca do qual nunca tinha tecido considerações, é tão real quanto...
Tão real quanto o facto de as próprias palavras poderem mentir!
Clap*clap* Excelente observação, deixaste-me a pensar!
Já voltei, do meu período sabático de três dias :)*
Perdoa a cor azul que por lá predomina mas é só até acertar com o que quero como fundo! Prometo!*
A fotografia vale o que vale no momento e na posteridade. Faz história, ajuda a perpétuar um acto. Esta e outras do género, muito têm para além da imagem.
Como sempre, uma magnífica participação no desafio da Fábrica! ...algo perturbadora. Uma fotografia não mente mais do que os nossos olhos. Ela vê o mesmo que nós vemos, nem mais nem menos. É preciso é inteligência para processar o que foi visto. E é aí que nós falhamos tantas vezes...
Fosse como fosse a vida, seja de quem for não deve ser tirada por ninguém. Matarmos quem matou iguala-nos. Beijinhos
Catarina, mas não as minhas!!!! Eu SOU UMA FONTE DE VERDADE... ou então não :)
Mz, ajuda a perpetuar as inustiças quando elas existem também, porque, lá está, às vezes enganam, mas se há algum mérito nelas, nas fotos, é que não permitem que se esqueça as coisas que importa lembrar.
Briseis, obrigado... mas neste caso, seria preciso sempre mais do que o que os olhos vêem.
Mary, isso já vai de cada um. Eu na mesma situação não sei o que faria... nem quero saber :)
sem querer ser aquele gajo que está sempre a bater na mesma tecla, mas parece-me que já estamos numa espécie de guerra há algum tempo...
Enviar um comentário