08/09/2011

A necessidade de ocupar o cérebro ou tudo aquilo que fazemos para agradar às mulheres

Procuramos durante toda a vida manter o cérebro ocupado, mesmo que o façamos sem saber. É impossível vivermos sem fazermos nada, é impossível existir alguém que consiga estar meros minutos sem fazer nada e é por isso que existem televisões nos quartos e livros nas cabeceiras das camas… e é por isso que procuramos constantemente alguém com quem compartilhar essas mesmas camas. Dêem-me alguém que esteja uma hora sentado num quarto e eu apresento-lhes um insano. Nada tão perigoso como um homem deixado a sós com os seus pensamentos. Perseguimos, queremos, desejamos milhentas coisas mas só o fazemos para saciar o nosso cérebro, acalmando-o... Amansando-o! Assim surge a música, os livros, as viagens, o desporto, a escola, o trabalho, o amor, a família, os amigos, a religião, assim surge tudo. Senão morríamos devagarinho, numa espiral de depressão impulsionada pelos nossos pensamentos avulsos que nos anularia até à morte. A vida e aquilo que se chama de felicidade faz-se da superação de etapas bem definidas que se foram cristalizando à custa dessa necessidade de ocupação, mas também se faz de experiências novas que vamos acumulando para estimular esse vórtice de sensações e reacções químicas que constituem o cérebro. É essa sede voraz que nos move, conduzindo-nos pela rotina, fazendo-nos evoluir até à superação.



P.S. - Alguns dos excertos apresentados não são reais, como por exemplo aquele em que aparece alguém a correr sobre a água, que era uma campanha de marketing, como se pode ver aqui. É impossível que algo com a massa e estrutura de uma pessoa consiga andar sobre a água... já um gato!

15 comentários:

Briseis disse...

Viva o descontentamento e o fim do comodismo! 3 vivas para a necessidade de superação, ainda que nos faça cair de cara no chão... =) O vídeo convenceu-me logo ao início, mas quando vi as imagens do Federer, então fiquei mesmo em êxtase...

Johnny disse...

O Federer deve ir jogar daqui a meia-hora... agora está a jogar o Djokovic :) Mas é preciso ver que aquela da lata é capaz de ser fabricada por computador!

Eva Gonçalves disse...

Não podia discordar mais desta tua reflexão :) Por vezes a solidão é uma escolha, e sim... há pessoas capazes de meditar muitos minutos e esvaziar o cerebro... e é muitas vezes na solidão que encontramos mais paz e reflectimos melhor. Pobre daquele que não é capaz de simplesmente não fazer nada... e existem infelizmente, muitas pessoas assim... que se inquietam com a necessidade de se ocuparem. O homem não precisa de se ocupar. Mas de viver, ocupando-se apenas do suficiente para sobreviver... :) beijo

Johnny disse...

Eva, para teres a capacidade de reflectires sozinha, tens de ter uma bagagem psicológica, que te é dada pela experiência de vida, educação, etc... varia muito, mas a premissa da minha reflexão é a de que muito tempo com o cérebro dá cabo até do mais preparado! Não falo do síndrome do fim de semana, bastante comum, mas de uma solidão que nos dias de hoje é quase impossível, pois temos sempre algo a que nos 'ligar', o que atenua muitas depressões que por aí andam, mesmo que as melhores pessoas aguentem algum tempo sem estar 'ligadas'... demasiado tempo sem fazer nada acaba sempre por ser prejudicial, seja para quem for, independentemente da riqueza interior que se tenha.

Brown Eyes disse...

Nunca deves fazer nada simplesmente para agradar, isso acaba mal, faz o que te apetece e achas que deves fazer. Com o tempo a verdade vem ao de cima e elas acabam por descobrir um homem desconhecido e começarão as queixas. Nós precisamos de nos conhecer para nos darmos a conhecer e nada melhor que a solidão para isso. Gosto de estar só, de pensar para poder tomar decisões, a vida é feita delas, das quais não me posso arrepender. A vida faz-se realmente de etapas superadas e só as poderemos superar se reflectirmos sobre elas, se encontrarmos a resposta para elas. O diálogo também ajuda na reflexão, quantas vezes nos foge um dado importante que alguém nos lembra? Todos temos decisões só nossas e essas somos nós que temos que as tomar mas há decisões que têm que ser a dois e aí o dialogo é fundamental. Beijinhos

Johnny disse...

Mary, mary... essa parte era só para tornar o título mais apelativo :) É certo que se faz e fez e fará muita coisa para agradar, mas neste caso.... era só para falar das minhas crises de ansiedade por pensar muito em certas coisas :) pensar ajuda, mas às vezes não... até porque não é nada produtivo.

Brown Eyes disse...

Se não fosse produtivo não terias escrito este post, tão profundo. Beijinhos

João Roque disse...

Desculpa a minha franqueza, mas eu abstraí-me um pouco do teor do texto, lendo-o só na diagonal, para não ir ver o vídeo sem um ponto de partida.
E aquilo que vi no vídeo são coisas, que fogem, a maioria delas à normalidade do ser humano, e daí a chamar-lhes superação parece um abuso, pois essas pessoas fazem o que sabem e gostam; não fazem sacrifícios para mostrar aquelas habilidades.
Algumas delas, como a já citada cena do ténis, (já a vi fazer, com resultados positivos mais que uma vez e mesmo no actual US Open, o Djoko já a usou com sucesso uma vez e outra sem sucesso, no jogo de esta noite), são pura exibição e não superação.

ipsis verbis disse...

Concordo com o Johnny. Muito tempo dedicado ao "nada" é meio caminho para o vazio do espírito. Como dizia o William Couper:"Falta de ocupação não é repouso; uma mente absolutamente vazia vive angustiada."

A miúda do vídeo a estacionar a bicicleta :D

Johnny disse...

mary, ok... bom ponto de vista, mas se não fizesse mesmo nada, não escrevia!

pinguim, concordo que não seja, mas são momentos em que a malta saiu da inércia e fez alguma coisa que exige muito esforço e prática e tal... etc, etc, pardais ao ninho. Claro que há melhores exemplos de superação, feitos e conquistas mais importantes que mereçam ser enunciados, mas de certeza que existirão poucos vídeos que os possam coligir tão bem e rápido :) Quanto à dicotomia Djoko/Federer... lamento, mas eu continuarei sempre com o Suiço :)

Ipsis, agora tem piada, mas vai tarde vai ser uma daquelas miúdas dos tunning...

mz disse...

Um homem sentado em qualquer espaço com um pouco de meditação recorrendo a alguns exercícios respiratórios consegue alguma leveza de espírito, isso dá saúde mental e não insanidade. Tal como a ocupação da mente com distrações a fim nos "amansarmos" através da
música, da leitura, dos amigos, da família e tudo o resto que dizes.

Contudo, também é necessário ficarmos quietos... reflectir e não obstruir o que nos inquieta com factores externos. Isto faz parte de se ser saudável!

Johnny disse...

Mz, se estão a meditar não estão a (não) fazer nada :P
Há um estar sem fazer nada que é saudável e há um estar sem fazer nada que não é!
É como fazemos com as crianças! Estamos sempre a dizer para saírem de casa e irem para rua brincar, para entrar em contacto com a natureza... e até irem a quintas descobrir esses animais estranhos, as galinhas e os coelhos, mas depois, quando somos velhos, o sair para a rua e brincar e estar em contacto com a natureza já não é o ideal, sendo melhor termos a capacidade de pensarmos e estarmos sós sem estar tristes. está bem que pessoas adultas e completamente resolvidas psicologicamente consigam fazer isso, mas brincar é sempre melhor :)

Briseis disse...

Beeem... que grande controvérsia aqui vai... E cá vai o meu contributo: nem Federer, nem Djokovic. NADAL! =)
Agora a sério, acho muito plausíveis todas as opiniões contra, mas olhando de forma mais abrangente para tudo isto, todas estas "tentativas de exibicionismo", vemos uma perseverança, um cair e voltar a tentar admiráveis. Um querer gritar que "sou capaz do improvável, posso não saber resolver os meus problemas mas ISTO eu sei fazer melhor do que ninguém". Exibicionismo precisa-se. Como afirmação, como desafio. Procurar realização no não fazer nada ou no isolamento é birra. Não é, de facto, uma atitude.
Johny, tou contigo!

Moyle disse...

toda a filosofia é estar mal do estômago. a citação é inexacta, mas a ideia básica é a mesma. mal-estar e falta de ocupação. por isso as maiores criações filosóficas e literárias são de épocas esclavagistas, de Sociedade de Ordens ou de classes com condições materiais de existência asseguradas.

eu curti ver Jesus em wetsuit e afinal era publicidade :(

Johnny disse...

Briseis, antes de mais, Federer sempre... só não diz isso quem não sabe mais... coitadinhos :)
Depois, concordo em absoluto... como as crianças que precisam de terra para ficar imunes às alergias e pequenas coisinhas e que têm de cair para aprender que dói :)

Moyle, concordo com essa da má disposição, já a parte da filosofia por comodismo... havia o Agostinho da Silva, que era assim mais para o escravo do que para o dono.... mas acho que a filosofia também pode ser de classes... e os escravos também tinham muito tempo para pensar.