13/07/2010

Paul, Horton e a magia

À medida que crescemos vamos deixando de acreditar na magia. É um processo que começa na meninice quando recusamos a existência do papão, do homem do saco, da fada-dos-dentes e do Pai Natal até chegar depois aos super-heróis que vemos nas revistas da Marvel ou nos desenhos animados da televisão, como o Hulk, o Homem-Aranha, os Transformers ou Jesus Cristo.
A descrença e a desconfiança, catalisadas pelo cinismo e pela ciência vão depois tomando conta de nós pela vida, encrustando-se como características inalienáveis das sociedades seculares em que vivemos. Nenhum facto é aceitável sem uma explicação lógica e científica. Assim vivemos.
Mas essa recusa em aceitar o que não se vê, o que não se consegue medir, a recusa em aceitar a magia só nos torna mais pobres, podendo contaminar até o mais tangível que há na humanidade, as pessoas e a confiança entre essas mesmas pessoas.
É por isso que eu quero acreditar no Paul, o polvo adivinho (lembram-se dele?), que acertava nos resultado dos jogos do Mundial. Eu quero acreditar que ele adivinhava, que tinha alguma capacidade extra-sensorial que lhe permitia saber o resultado dos jogos. Paul era um ícone da magia perdida e eu quero acreditar na magia. É a magia que nos dá esperança, que nos faz amar alguém, que nos dá um sentido para a vida, que cura as pessoas de quem gostamos quando têm doenças cujo nome não gostamos de pronunciar, é a magia que nos dá fé, independentemente da nossa crença, como uma energia que se sente sem se conseguir explicar... uma energia que nos alimenta os sonhos e a vida... uma magia que alimenta tudo! A magia é tudo.


(João Freire)

Queen - A Kind Of Magic
 

P.S. - Post altamente influenciado pelo filme Horton e o Mundo dos Quem



Reaproveitado para o desafio de Novembro da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Sonhos".


21 comentários:

1REZ3 disse...

A magia é tudo. Bem dito. Assim como a crença. Em nós e nos que nos rodeiam.

Ginger disse...

Estava tudo muito bem até meteres o Paul na equação. -.-'

Johnny disse...

Noya, se apenas fosse mais fácil acreditar...

Ginger, não faz mal meter o Paul na equação, porque - vendo a notícia - parece que ele vai sair de cena rapoidamente!

Dylan disse...

Carrega, Johnny oráculo!

P. S. - Bom artigo.

mz disse...

*O papão, a fada dos dentes e o homem do saco, nunca os questionei porque era criança.

*O pai natal, sabia quem era e fazia parte dos meus interesses.

*Super heróis - apaixonei-me por alguns...(coisas de adolescente)

*Jesus Cristo - aceitei-o, só depois o questionei.


Tudo isto posso colocar numa caixa e catalogá-las com estes separadores:
chantagem, medo, fantasia, ilusão, interesse, etc.
Posso questionar tudo, porque quero respostas concretas.
A magia quero conservá-la. Preciso dela sem a questionar...

e pronto!

Moyle disse...

vens a Coimbra e no bairro Norton de Matos há um restaurante chamado D. Duarte II. Entras, sentas-te e pedes o polvo à lagareiro! Afianço-te que e mágico.

Johnny disse...

Dylan, Obrigado. Vou carregar... tal e qual como o Benfica.

E o que é preciso é isso, Pronúncia, que vamos acreditando e que não a deixemos morrer.

MZ, é uma boa síntese, uma que posso partilhar... e não, não convém questionar, porque perde a graça.

Moyle, fica registado... a ver se experimento um dia destes.

Si disse...

A magia ainda acontece em coisas bem mais mundanas do que um polvo adivinho.
O difícil é ser atento e rápido o suficiente para a reconhecer em pequenos nadas do quotidiano.

P.S. Os meus posts andam desaparecidos??? ;)

Johnny disse...

Si, mais mundando do que um polvo? Até acredito, mas eu preferia que a magia acontecesse em coisas mais extraordinárias.

Quanto aos posts, acho que não.

meldevespas disse...

"In my world everyone is a pony, and they all eat rainbows, and poop butterflies" Katie in Horton hears a who

O polvo é que gosto mais assado no forno, ou mesmo com arroz, e esse cabrãozinho marchava numa rica paella.

Ah e é verdade, Jesus Cristo é um personagem histórico, podes duvidar de tudo o que em seu nome foi e é dito, mas não da sua existência, oubisteS?

Johnny disse...

Essa afirmação da katie podia muito bem ser o título deste post.

Jesus de Nazaré é uma figura histórica, até porque devia haver muitos Jesuses em Nazaré, mas Cristo não é nome de família e a única coisa que eu posso duvidar é mesmo as suas capacidades heróicas e extraordinárias de levitação, oftalmologia, socorrismo (ressuscitação cardiopulmonar sem beijo da vida) e remoção de vários materiais, desde pedras a águas.

Quanto ao Polvo, deixá-lo mais algum tempo... até porque a esperança média de vida dele é curta e sempre pode alegrar os visitantes do aquário onde se encontra.

Anónimo disse...

Sabes...não é para te desiludir, mas li hoje algures que o polvo acertou porque tem uma certa preferência pela cor amarela e que, coincidentemente, as equipas vencedoras (normeadamente espanha) tinham maior abundância dessa cor nas suas bandeiras.

Não sei o que pensar, sinceramente, porque eu devo ser uma dessas pessoas que perdeu a capacidade de acreditar na magia e comecei por algum motivo a acreditar que para tudo há uma explicação lógica e racional.

Johnny disse...

Seja como for, acertou sempre... ao contrário de outros polvos do passado, que favoreceram, por exemplo, a Alemanha no confronto com a Espanha, tendo esse palpite saído gorado na final do Europeu. Não adianta pensar muito nessas coisas, Hyndra, às vezes vale mais olharmos para o lado que nos convém... olhemos para o lado da magia.

Brown Eyes disse...

Sabes que até pensei em ir à Alemanha perguntar ao polvo quais eram os números do euromilhões? Aí sim a minha vida tornava-se mágica.:)
Tens toda a razão, a magia faz falta, perdemo-la ao mesmo tempo que perdemos a inocência. Sinto saudades dela, seria bem mais feliz. Substituo-a pelo sonho, que também pode ser mágico. Beijinhos

Johnny disse...

Mary... antes o dinheiro fosse o nosso problema! Tu, se precisares, avisa, que eu... se não emprestar, conheço alguém que pode, tipo a Ginginha, mas continua com o sonho e tenta chegar à magia... às vezes é mais fácil do que parece. Boa sorte.

João Roque disse...

O Homem precisa sempre de alguma magia; quando deixa de acreditar nas magias clássicas, tem que inventar outras.
Mas o polvo? Vou aceitar de bom grado a sugestão do restaurante em Coimbra, pois para mim, polvo à lagareira é pura magia!!!

Johnny disse...

Só pensam em comida, pá. Mas que parece ser uma boa sugestão, parece.

Por entre o luar disse...

Este texto tem magia :) Gostei ! *

Johnny disse...

Por entre o luar, ainda bem :)

Por entre o luar disse...

Mas é mesmo só o texto ... e vá essa tua capacidade mágica de escrever ! :) (esta parte é para realçar que vejo uma ínfimas qualidades em ti :P)

Johnny disse...

E já não é mau, Por entre o luar.