Foi o que senti.
- E não devia
Tu sabias… tinhas a certeza que falavas com ela pela última vez!
- Eu estava ao teu lado
E mal conseguias conter as lágrimas.
A sua cara, o corpo… tudo diminuto. Parecia que encolhia à nossa frente, menos os olhos, que eram grandes e fortes, secos e duros, como ela!
- Como se fosse talhada de um carvalho.
Mas quando começou a dizer, em jeito de despedida, que fôssemos sempre amigos
- Eu e tu.
Tu saíste disparada, rebentando em lágrimas.
Ao dizer-lhe a ela que sim, que eu e tu seríamos sempre amigos, dividindo o olhar entre aquela senhora pequena e a tua sombra soluçada na parede do corredor…
- E não devia.
Senti que um acordo inviolável se escrevera.
E muito do que esse acordo previa ainda se mantém.
Sinto
- E não devia.
Que tenho de te proteger, compreender e aceitar, mesmo quando mais ninguém o faz, mesmo se mais ninguém o fizesse, e se, por um lado, isso me eleva perante ti
- E, mais uma vez, não devia
Por outro, confunde tudo o que possa sentir
- Bom ou mau!
Bom ou mau.
É injusto para ti, que não pediste nada, que não sentiste
- Nem sentes
Nada!
Aposto que, sabendo, me livrarias desse compromisso.
Mas um acordo é um acordo.
- As partes intervenientes disseram o que tinham a dizer naquele momento.
E, por ser prometido, nunca deixou de ser sincero.
- Claro.
E mesmo agora…
- Mesmo agora…
O sentimento amargo começa a desvanecer
- Desculpa
Desculpa.
Que se lixe.
(João Freire)
30/05/2009
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4 comentários:
Gostei, contudo soube-me a pouco.
Na sua forma, este texto faz-me lembrar a escrita do Lobo Antunes.
Um bocadinho, sim... talvez se pegue.
Agora já percebi!
*
Aleluia!
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