24/07/2007

António Gancho

Nascido em 1940, em Évora, aos 21 anos tentou suicidar-se com o fio do telefone e o pai meteu-o num manicómio onde o deram por esquizofrénico. A partir daí andou de hospital em hospital até ser internado em 1967 no Centro de Saúde do Telhal onde, praticamente 39 anos depois, haveria de morrer “com um ar trocista, a rir-se” na noite da passagem de ano (2005/2006) devido a um ataque cardíaco que sofreu durante o sono. Dizia ser Luiz Vaz de Camões, Bocage, Kafka, Pessoa e todos os escritores que admirava. Dizia ainda que não sabia por que escrevia, que o escritor "só pode ser escritor quando já nasceu escritor" e que "a imaginação é tudo. É ela que deve estar ao comando da inspiração, quero dizer, a inspiraçao deve comandar a imaginação do autor, do escritor, do poeta." (in A Phala, n.º45).

Pouco se sabe acerca das circunstâncias da morte do poeta 'louco', como pouco se soube da sua vida e da obra, escrita integralmente no manicómio. Foi maltratado pela sociedade e pela sua própria demência, mas sobreviveu a obra e uma incrível história.

Quando desaparecer
Hei-de pedir à noite
Que me consuma com ela
Que me devaste a alma
Não quero mais
Quero desaparecer na noite
E só de noite consumir-me

(António Gancho)

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