17/06/2011

Carreira contributiva de felicidade

As pessoas deviam ser felizes. Não sempre, ou melhor, não desde logo, não desde o início, pelo menos, porque isso era capaz de desgastar, mas como um caminho normal, como se de uma reforma se tratasse depois de uma carreira contributiva para a caixa. Claro que íamos recebendo ao longo da vida, mas quanto mais contribuíssemos, mais recebíamos. algo do género do Carma (Karma). Assim seria melhor. E eu lembro-me de pensar que era assim que as coisas funcionavam quando era novo: As pessoas ficariam inevitavelmente mais ricas e mais felizes… isso seria normal. E eu dizia muitas vezes “quando eu for rico”, como se isso fosse um dado adquirido. Mas não é certo. As pessoas não ficam inevitavelmente ricas e felizes como eu pensava. Muita gente vive uma vida inteira sem ser feliz e isso não devia ser permitido. Custa ouvir algumas pessoas no vídeo que se segue dizer que nunca foram felizes, que não se deviam ter casado, que deviam ter feito tanta coisa que ainda não fizeram quando simplesmente já não têm muito tempo. Ainda é tempo, ainda há tempo… mas pouco.



(Também custa ouvir aqueles que dizem que gostavam de ir à Lua, acrescentando de seguida que nunca foram)

16 comentários:

Eva Gonçalves disse...

Sabes que já há muitos anos que penso que deveria haver uma disciplina obrigatória na escola chamada felicidade :)) E é possível aprender a ser feliz sabes... parece tão evidente ser a maior prioridade da vida e ninguém se lembra de a ensinar... Beijinhos

anouc disse...

"Queria ser feliz e nunca fui..."

oh my god.. :(

Paula disse...

Isto tem muito que se lhe diga, nem sei bem por onde começar... até porque depois de ver isto, fiquei cheia de saudades da minha terra e fiquei com o raciocínio toldado!
O mais curioso é quando se faz esta/estas perguntas a alguém; se é feliz, gostava de fazer alguma coisa que nunca fez, ou se se arrepende de algo que fez, toda a gente, sem exceção, fica sem saber bem o que responder (pelo menos inicialmente) são perguntas pertinentes.
Mas o que é ser feliz???
Ser feliz sempre?
Ter "episódios" de felicidade que nos fazem encher o ego e que nos vão alimentando, até tornar-mos a consumir outro "episódio"?
A felicidade até estar ali e não saber-mos "lidar" com ela?
Também já disse "quando eu for rica"... ainda tenho essa esperança ou quase certeza... ainda vou ser mais feliz? Será????'
É bom ser feliz, é bom viver e conseguir ser feliz com aquilo que nos é "posto" à disposição...
Já "vivi" muito... gozei portanto, claro que há umas quantas coisas que ainda não fiz e que gostava de fazer... tenho idéias de as fazer, "quando for rica"!!!
E não, não é ir à lua!!!

João Roque disse...

Mais do que as palavras, ou complementando-as, há as reacções...
Mostra bem este vídeo que as pessoas não se lembram de ter tempo para pensar nas suas vidas; vão vivendo, e quando finalmente são questionados sobre o passado e o futuro, muitas vezes não sabem o que dizer.

1REZ3 disse...

Eu arrependo-me de nunca ter jogado no Benfica.

Johnny disse...

Eva Gonçalves, só penso que ao criarmos essa disciplina correríamos o risco de criar um demónio... porqe já imagino que essa disciplina se tornaria numa disciplina do conformismo. Eu sou apologista de uma disciplina de educação cívica, mas mesmo aí haveria o risco de ser uma disciplina marginal, só para ocupar espaço curricular.

anouc, my thoughts exactly.

Paula, embora poucos saibam o que é ser feliz, muitos sabem o que é ser infeliz... como a senhora mencionada pela anouc... e isso é que devia custar de ouvir a muita gente... e isso é que não devia existir. Quanto ao dinheiro, ajudará. E aquilo que se quer fazer, convém ir fazendo... senão o tempo acaba.

Johnny disse...

Pinguim, mas há algumas que pensaram e isso nota-se. Curiosamente, foram essas que se lamentaram.

Noya, imagino que mais ninguém se tenha arrependido desse facto... principalmente os adeptos do Benfica :)

Paula disse...

É claro que custa ouvir alguém dizer que nunca foi feliz!
E também existe muita gente que não "sabe" ser feliz, daí a "disciplina" que a Eva Gonçalves mencionou até ser uma possibilidade interessante.
Não vou julgar a senhora, claro, mas decerto existirá muito mais gente por esse mundo a fóra que terá muitas mais razões para se dizer infeliz. Principalmente aquelas que não teem "tempo" para pensar nisso... apenas em sobreviver...

"Se estivermos num quarto escuro e dissermos que não há luz é porque já vimos luz. Algo de parecido se passa com a felicidade".
Swami Tilak (Filósofo Indiano)

Johnny disse...

Lá está, conformismo. porque é que havemos de olhar para quem está pior e não para quem está melhor. Se olharmos para quem está melhor, conforma-mo-nos e nivelamos a sociedade por baixo... com baixas expectativas que se traduzem na realidade. Mesmo a luz pode ser vista sem ser sentida, nem que seja através de um vidro ou de um buraquinho, que permite saber o que é, às vezes até senti-la, mas não vivê-la na sua plenitude, que é o que nós, enquanto sociedade e indivíduos, devemos procurar, lutando e vivendo, claro.

Paula disse...

Pois eu não nivelo a minha vida nem pelos que estão melhores, nem piores, sei que existem.
A minha filosofia de vida é, viver em plenitude, consumir ao máximo tudo o que me faça feliz, mesmo tudo. Fazer quase tudo o que me apetece, e o que posso, claro, que me faça sentir de bem com a vida.
Arrepender... arrepender só de coisas que não fiz!!!
Claro que ainda há umas quantas que quero fazer, e espero ainda ter tempo para isso... claro que ainda vou ter tempo para isso, e vou sentir-me feliz... acho que sim... espero que sim!

Johnny disse...

Antes de mais, pus ali um hífen a mais: é "conformamo-nos" e não "conforma-mo-nos".

Depois, Paula, cada um sabe de si :) pelo que espero que tudo corra bem, claro. Pouco mais se pode dizer.

Briseis disse...

Ao responder a estas perguntas, mais do que sabermos se as pessoas são felizes ou se têm arrependimentos, ficamos a saber qual a sua postura perante a vida. Não há ninguém que seja sempre feliz, assim como não há ninguém que nunca o tenha sido. A felicidade está em reconhecermos coisas pequenas, ridículas mesmo, como pedaços de satisfação, prazer e, porque não?, felicidade. Em não deixarmos que uma má decisão, um engano, uma pessoa se transforme num pesado arrependimento e nos estrague a vida. Não gostei do vídeo. A ideia é muito boa mas as pessoas são, ora superficiais, ora mesquinhas e fatalistas.

Johnny disse...

Independentemente do que seja a felicidade, Briseis, convirás que é triste (no mínimo) ouvir alguém dizer coisas como as que referi, nomeadamente a senhora que diz que nunca foi feliz, porque mesmo que tenha sido, nota-se sofrimento e desilusão nas suas palavras... e não há indicador melhor da felicidade do que a sua ausência e não hé melhor indicador da infelicidade do que nos escudarmos atrás da superficialidade, mesquinhez e fatalismo.

Moyle disse...

mas a felicidade existe? o que é? não terá cada um a sua? a senhora que diz nunca ter sido feliz, não se consideraria feliz se pudesse comparar com outras circunstâncias?

por outro lado, quando alguém acrescenta que quer ir à lua por nunca ter ido das duas uma: ou está nervoso/a frente à câmara, por falta de hábito; ou está apto/a para uma discussão sobre felicidade.

eu também não estou arrependido do Noya nunca ter jogado no Benfica. estou contigo, Johnny

mz disse...

Tenho uma amiga que diz muitas vezes isto;
"Ai quando eu era rica e não sabia...!"

O mesmo se pode aplicar a um estado de graça chamado felicidade em que existe muita gente que nem se dá conta que até é um bocadinho feliz.

E se tudo à nossa volta se proporcionar à felicidade, pois então não devemos adiá-la nem ter medo que se esgote. É viver o momento e reconhecer em pequenas coisas que até somos felizes.

Johnny disse...

Parece-me óbvio considerar que já tive e vou tendo momentos de felicidade. como sou muito matemático nestas coisas, basta ir somando e fazendo contas para ver se há mais momentos bons ou maus. Perante um resultado positivo, resta considerarmo-nos felizes. Contudo, isso não invalida que muita gente viva vidas infelizes ou vazias e que respondam da forma como algumas pessoas responderam naquele vídeo. Outras pessoas, sim, não se apercebem.