29/12/2008
De resto, com o aproximar do novo ano...
- Wegue, wegue
E agora com a versão do Rui Reininho da música das Doce "Bem Bom". Continuo a não gostar, mas já não mudo de estação e, tirando o refrão, até dou por mim a trauteá-la no carro. Se, daqui a uns dias, afirmar que gosto de uma música que anda para aí a passar do Tim, mato-me… ou dou autorização para que me matem.
O Programa do Aleixo, na Sic Radical e Ultimate Survival, no Discovery Channel, são as coqueluches da minha programação televisiva actual.
Há uma banda, que se chama João e a Sombra, que tem uma ou duas músicas engraçadas. São originais, o que, nos tempos que correm, já é muito bom. Para além disso, são bons músicos.
Mais uma guerra no Mundo. “Depois da operação, nenhum edifício do Hamas ficará em pé em Gaza”, dizem eles.
A inflação no Zimbabwe atingiu os 231 milhões por cento
(isto já não é notícia, é só... caricato!)
24/12/2008
Boas Festas
Mensagens de Natal escolhidas ao acaso de 2 amigas:
Exemplo 1: "Que este Natal nos traga momentos de paz e reflexão sobre o verdadeiro sentido desta quadra natalícia. Feliz Natal e um 2009 cheio de momentos de alegria! Beijinhos :) [nome do remetente]"
Exemplo 2: "Vinicius de Morais disse um dia: "Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida! Mas é delicioso que saibam que os adoro, embora não declare e não os procure sempre! FELIZ NATAL e BOAS FESTAS. Beijinhos.
Mensagens de Natal escolhidas ao acaso de 2 amigos:
Exemplo 1: "Bom Natal Tartaruga... e Aquelas entradas!!!!!!!!"
Exemplo2: "Boas festas canguru... Para ti e para a tua família"
P.S. - Na realidade, aquela do Vinicius foi mandada por um homem, mas como é visível nos beijinhos que mandou no fim, pontuando o tom do resto da mensagem, foi uma mensagem reencaminhada de uma menina.
P.S. 2 - Em relação aos homens, houve mais do género. "Animalito", "Preto", "rinoceronte branco" - este porque foi o que eu chamei a um amigo que respondeu dizendo: "igualmente", logo, chamando-me assim o que eu lhe chamara, todos substantivos catitas que substituiram, neste dia de amor e fraternidade, o meu nome.
P.S. 3 - Resta dizer que gostei de todas as que recebi.
21/12/2008
Será por amor
Estava sentado com dois amigos numa mesa de um café e apenas duas pessoas partilhavam o mesmo espaço. Uma dessas pessoas estava atrás do balcão, o que a torna dispensável para a história - habituados a tudo, não ligam a nada, espera-se até que assim seja -, a outra era uma rapariga, provavelmente da mesma idade que nós.
Uma garrafa de água das pedras, um café e um cigarro. Nada mais. Tão normal que pouca atenção lhe dispensámos. Foi apenas quando as lágrimas começaram a verter que algo em nós mudou. Aquela rapariga deixara de ser uma rapariga normal para passar a ser uma rapariga com história. Sorrateiramente, olhámos para ela com atenção, um à vez para que não se notasse muito. Nenhum de nós entendia como uma rapariga tão bonita podia estar a chorar.
É o amor!
Pensamos (penso) sempre que quando alguém chora o faz por amor.
Problemas familiares resolvem-se em casa, com o resto da família (principalmente quando alguém morre), e doenças é com os amigos, do género "tenho cancro, vamos curtir ao máximo a vida". Toda a gente sabe disto.
Apenas o amor chama a solidão e isso acontece porque ninguém consegue perceber aquilo que sentimos - é isso que também pensamos sempre.
Pensamos muito, nós.
Seria, então, amor.
E uma necessidade cresceu dentro de mim, que me fazia pedir-lhe para se juntar a nós, no mínimo perguntar-lhe se estava tudo bem ou se precisava de alguma coisa. Foi essa vontade que partilhei com os outros dois, foi isso que eles, prontamente, me aconselharam a fazer, mas não foi isso que eu fiz. Porquê?
Porque tive medo.
Do quê?
Não sei. E já na altura não sabia.
Mas é um medo que nos acompanha a todos e com o qual não conseguimos lidar, porque apesar de todos procurarmos companhia, achamos sempre que os outros não vão querer a nossa. Não há razão, já o escrevera whitman*.
Sei que eu estava feliz. Já passou um ano e sei que estava feliz. E sei-o porque ela chorava. É sempre mais fácil vivermos a nossa felicidade perante a infelicidade dos outros.
* To you, de walt Whitman, lido aqui
(João Freire)
18/12/2008
28
"É curioso como, sendo diferentes, temos coisas idênticas.
(..) A gaita é que eu sou desbocado e tu não, vivo nas nuvens e tu só às vezes (...)
és o meu irmão João. Aquele a quem me une um silencioso princípio de vasos comunicantes. E com que alegria repito isto dentro de mim: o meu irmão João. O meu irmão João para sempre."
(in O meu irmão João, Crónica de António Lobo Antunes, Visão de 15 de Setembro de 2008)
Parabéns mano :)
Há uns anos atrás presenteei-te com um cd destes senhores. Como gostaste e continuaste a querer mais... e por saber que é uma das tuas bandas preferidas, deixo-te uma música.
beijo.
(chega de prendas, ou queres mais alguma? :P)
15/12/2008
Bush
E, ao que consta, atribuiram uma medalha ao jornalista
14/12/2008
Fantasticable. o vídeo
Dá para ver em melhor qualidade (opção que se pode activar no cantinho esquerdo imediatamente abaixo da janela do vídeo na página do youtube), algo que se recomenda.
11/12/2008
Crónica sei lá sobre o quê
– Assine aqui
garatujo a hora, garatujo o nome, carregam no botão do elevador, somem-se e eu com aquilo nos braços. Vou deixando os ramos não importa onde: não há esquife aqui, não os posso encostar ao defunto. A voz da minha mãe ao telefone, a gritar como sempre. Coitada, tem passado algumas aflições com os filhos. Olho para ela e vem-me à ideia que a velhice depena as pessoas, tira-lhes bocados, às vezes dá-
-me a impressão que à minha mãe falta um pedaço da crista quando a vejo sentar-se à mesa ou que o tempo, como uma borracha, lhe apagou parte das feições, quebrou um bocadinho a voz, poliu os dedos que se tornaram sedosos, frágeis. Ali está ela a olhar para dentro, por vezes numa espécie de sorriso, quer dizer não é a boca que sorri, o sorriso à frente da boca, a flutuar sozinho. Eu na outra ponta da mesa, no lugar do meu pai a pensar
– Como é que o garfo vai atravessar o sorriso?
com medo que o garfo o leve para o prato e não leva, o sorriso continua intacto, perfeito, e é por baixo dele que a minha mãe mastiga. Chama-se Margarida. Em criança julgava que as pessoas, à medida que o tempo ia correndo, mudavam de nome. Por exemplo Rita assenta bem numa rapariga, não assenta tão bem numa senhora de idade e então trocavam o Rita por Clotilde ou Leopoldina, por exemplo Joana não calha numa ruiva e então muda-se para Beatriz e ao começar a fazer madeixas recupera o Rita, por exemplo Hermes desafina num bébé de maneira que fica à espera que o bébé tenha cinquenta anos e entretanto dizemos Pedro, mas a minha mãe foi Margarida sempre e não a concebo Fortunata nem Elisa nem Cátia embora para mim fosse
– Mãe
e estava encerrada a questão. E lá vai o garfo sem amolgar o sorriso. A única pessoa que não usava o
– Mãe
era o meu pai e as empregadas não
– Mãe
nem
– Margarida
as empregadas
– Senhora
o que me parecia um pleonasmo, como pôr ketchup em cima das rodelas de tomate. Os meus colegas de escola davam igualmente
– Mãe
às mães deles, o que eu achava estranho até perceber que
– Mãe
era o nome mais vulgar em Portugal. Curto, rápido, preciso e fácil de gritar durante o horrível suplício do corte das unhas, sobretudo o mindinho que uma tesoura feroz atacava magoando-me sempre, ou então era o medo que me magoasse que me magoava. Horas tremendas
– Que horror essas unhas
ordens horríveis
– Chega-te mais para a luz
conselhos tenebrosos
– Não te mexas agora
e isso, o arrancar dos pontos pretos com o aviso
– Está quase
seguido da exibição de uma coisa microscópica na ponta do indicador, sem mencionar a sopa
(– Quem não tem fome de sopa não tem fome de doce)
e a lavagem dos dentes, constituíram os suplícios cardinais da minha infância. Entretanto acho que me desviei do princípio desta crónica, ou seja de ficar sempre espantado com a vida das pessoas, os seus desejos, as suas ambições, os seus medos, as suas minúsculas querelas. E as folhas das jarras a desprenderem-se dos caules. Se me deitasse no chão da sala acabavam por cobrir-me por inteiro e eu debaixo delas dando pela empregada a abrir a porta, a olhar para aquilo e a varrer-nos na direcção da pá: lá vou eu para o contentor dentro de um saco plástico, cheio de perfumes moribundos como os das tias-avós, rodeadas de essências vagas e tristes. Claro que se eu chamar a dona Olívia não liga: não acredita que as plantas falem e para o caso de se atreverem a falar nada melhor do que empurrá-las com força para o fundo. O que os outros se agitam, tanta pressa sempre, e eu quieto.
Sou um narciso, uma begónia, uma túlipa, ou antes restos de narcisos, de begónias, de túlipas, tão doces, tão pálidas. Mas não terei olhos ocos nem aflitos, apenas um caule tranquilo e por cima sacos plásticos dos vizinhos. Hoje voltei para casa, a seguir ao jantar, atrás de um bêbado.
Ia de um lado ao outro do passeio,
majestoso, lento. A certa altura parou a fazer chichi contra uma parede, um chichi interminável, uma abundância de fonte. Lembrei-me do bêbado de Pedro Páramo
– Ai vida não me mereces
e de caminho dei-lhe uma palmada no ombro que por pouco não o fez desmoronar-se, caindo tijolo a tijolo na rua mal iluminada, com grandes manchas de sombra que afogavam os automóveis estacionados, os prédios. Jantei sozinho num restaurantezito onde uma rapariga de cabelo pintado de loiro jantava sozinha. Ao levantar-me tinha saído.
Para onde? O que fará agora?
Sentada diante da televisão, com uma revista esquecida nos joelhos? A ler? À espera de um telefonema que não chega? Na janela em frente dois homens penduram um quadro na parede, afastam-se a observar o efeito, endireitam-se. Vinte e três horas e vinte e três minutos, vinte e três horas e vinte e quatro minutos. Hoje de manhã a televisão holandesa a entrevistar-me: deve ser uma estucha para os jornalistas porque não falo da minha vida e muito menos dos meus livros, eles que se defendam sozinhos. A certa altura silêncio e a produtora a perguntar-me o que pensava eu. Não respondi. Para quê?
É que se respondesse dizia-lhe que não pensava em nada, pensava no vácuo.
(António Lobo Antunes, Crónica da Visão de 23 de Outubro de 2008)
09/12/2008
Fantasticable
06/12/2008
gamepro - 5 out of 5
ign - 9.3 out of 10
playstation the official magazine - 4.5 out of 5
e acerca do que se "estrelou":
e ainda,
(quando vi este segundo vídeo, e apesar de ter ficado também com pele de galinha, pensei: "mas que raio fizeram aos gráficos?!"... depois inspirei, contei até 3, expirei, e porque estava demasiado curiosa para ver o modo de jogo, vi isto...
... e pensei mais uma vez: "Fdx, isto está lindo e o BD look até é na boa!")
"The magic is what makes Prince of Persia all worth it. The world, both in its destroyed mode and its rejuvenated one is just… amazing. You’ve never seen anything this striking in a videogame, ever. Artistically and design-wise it will continue to floor you as the game progresses." (ign, team xbox reviews)
Parvoices
(António Lobo Antunes in Crónica Com Um Sorriso, Visão 6 de Dezembro de 2008)
05/12/2008
Política de bigode
*A política de que se fala no texto não é a grande política, a filosofia política propriamente dita (antes fosse!), mas será a politiquice, numa definição mais pejorativa, logo, mais correcta.
**Recordo-me de alguém me dizer: "nunca confies numa pessoa de bigode", do latim Non confiare bigodum (?). Foi um conselho de alguém ou ouvi em qualquer lado, mas marcou-me e ficou para sempre, daí falar com alguma desconfiança do senhor Mário Nogueira, de quem não tenho a mínima razão de queixa, a não ser, lá está, essa desconfiança. A parte do Latim é treta, mas, no entanto, se querem latim e conjunto capilar facial, fica esta: Barba non facit philosophum***
*** Deve ser o primeiro texto no qual um asterisco tem o seu próprio asterisco, mas urge referir que tal necessidade por línguas mortas se deve à inveja pessoal. João Freire, Desde 1980 a copiar a mana, que também pôs no seu blogue uma expressão em latim no fim do texto de 29 de Novembro
(João Freire)